quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Respeito á Diversidade

Não há no mundo alguém que seja totalmente igual a outrem. Pelo que dizem, ainda não há ninguém clonado entre nós e, mesmo que tivéssemos, duvido que seria igual ao original porque viveria num outro tempo e lugar, passaria por outras experiências, conheceria outras pessoas, ouviria outras músicas, enfim, teria outra interação com as pessoas e seus costumes. Nem nós mesmos somos hoje o que fomos ontem, não é mesmo?  As coisas mudam e mudam com uma rapidez cada vez maior, espanto de nossos tempos atuais.

Enfim, somos tão diferentes uns dos outros que foi preciso construir uma Declaração Universal dos Direitos Humanos, num determinado momento de nossa história (1948), para nos lembrar que, na origem, todos somos também iguais por termos algo em comum que nos distingue dos outros seres.

Podemos ser iguais e diferentes, ter os mesmos direitos sem que nos descaracterizemos. A diferença não se opõe à igualdade. A igualdade é a garantia da concretização da liberdade, da dignidade, da condição humana em comum e, ao mesmo tempo, constitui a maneira como queremos ser tratados em função dessa condição, considerando nossas diferenças e nossas
necessidades específicas.

É exatamente isso que tememos tanto: que as diferenças sejam um motivo de desigualdades, que questões como sexo, cor de pele, religião, orientação sexual, condições físicas, classe social, idade, entre outras tantas diferenças objetivas que temos, assumam uma relevância que determine o tipo de relação que teremos com a sociedade grande desafio ante os paradigmas atuais que subordinam a inclusão à transformação do outro em alguém parecido com um padrão dominante.

Afinal, mesmo quando temos algumas características marcantes, básicas, como o fato de ser homem ou mulher, isso não pode determinar ganharmos mais ou menos, ocuparmos lugares de comando ou apenas de subordinação, pertencermos a classe social ou outra, sermos aceitos para algumas coisas e não para outras.

“Mais do que a rejeição da cor da pele de um povo, o racismo constitui-se na negação da história e da civilização desse povo; a rejeição de seu ethos, de seu ser total. A diversidade, entretanto, é a condição universal da existência humana, e a riqueza da experiência humana funda-se em grande parte na integração, na intercomunicação e no intercâmbio entre culturas específicas. O objetivo verdadeiramente revolucionário não é o de erradicar as diferenças...(mas antes) evitar que elas sejam transformadas nas pedras fundamentais da opressão, da desigualdade de oportunidades ou da estratificação social e econômica.”


Thamário Everley Conrado Pereira <t.everley_stylenet@hotmail.com> é acadêmico de Direito, da Faculdade Alfredo Nasser e membro ativo do Pajupu (Programa de Assessoria Jurídica Popular Universitária)


................................................................................................



quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

De: jovens - Para: oportunidades.

“Eu acredito é na rapaziada/Que segue em frente e segura o rojão/Eu ponho fé é na fé da moçada/Que não foge da fera e enfrenta o leão/Eu vou à luta com essa juventude/Que não corre da raia a troco de nada/Eu vou no bloco dessa mocidade/Que não tá na saudade e constrói/A manhã desejada” (Gonzaguinha)
          Todos sabem quão difíceis os tempos pelos quais passamos quanto à inserção no mundo do trabalho, mas é preciso acreditar: nos jovens e nas oportunidades. Seja pela falta de qualificação profissional, seja pela falta de oportunidades, os jovens estão em compasso de espera, mas de uma espera ativa: atentos, querem participar e construir o seu mundo. Neste sentido, nem sempre as relações entre jovens e adultos se revelam tranqüilas e exigem um grande esforço para superar conflitos insustentáveis e não compatíveis com boas relações de convívio social e nem de crescimento profissional.

          Todos nós construímos a nossa trajetória pessoal e profissional a partir de uma primeira referência: o exemplo de nossa família. Com o passar dos anos, a escola vai capacitando a gente para a compreensão do mundo. Assim, compreendendo o mundo, percebemos como participar ativamente dele. Mas quanto à inserção no mundo do trabalho, a referência que temos, ou teremos, sempre está ou estará na primeira oportunidade que nos é oferecida por alguém, seja pela competência, pela indicação, conquista ou reconhecimento profissional.

          Os jovens carregam uma energia criativa, desejando participar do mundo adulto, a partir de sua emancipação. Sonham com sua independência e, quando as oportunidades chegam, muitos as abraçam como seu projeto de vida. Outros, ainda as desperdiçam. Falta-lhes ainda o discernimento para fazer suas opções. Outros, ainda, em nome de uma vida “nada fácil”, enveredam por caminhos tortuosos e perigosos como a droga, bebida ou sexo.

          A sociedade cobra muito dos jovens e, desde sempre, vive o dilema de emancipar ou controlar a juventude. Este conflito carrega fundamentos geracionais, mas também explicita as tensões pelos avanços, pelas novidades. O novo, tão almejado pelos jovens, surge a partir de superações daquilo que já está consolidado no mundo adulto. O jovem gostaria de protagonizar as suas escolhas, mas os adultos temem por certas inovações. Na sabedoria dos povos africanos, que muito respeita seus anciãos, “o novo surge para dar lugar ao velho, pois cantiga de criança todo velho já cantou”.  O fato é que estes conflitos exigem uma compreensão ampla, dos adultos e dos jovens, para ambos construírem uma boa convivência social.

          É preciso desmistificar a idéia de que somente a qualificação profissional resolverá a questão da inserção dos jovens no mundo do trabalho. Mais do que ofertar qualificação, é preciso oferecer oportunidades reais, apostando que os jovens, por seu dinamismo, vontade e capacidade, serão capazes de superar a sua inexperiência profissional. Mais do que isto: quando oportunizados, são capazes de renovar os seus horizontes, criando e re-criando as suas possibilidades de vida . Como disse o professor Sérgio A. Sardi (UFRGS) sobre a nossa condição de aprendentes: “o mundo está sempre começando. Isto é que se chama liberdade”.

Nei Alberto Pies (pies.neialberto@gmail.com) professor e ativista em direitos humanos.

................................................................................................



quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Reflexões sobre a educação

A educação é um processo continuo. Diariamente há oportunidades de observarmos situações, de revermos nossas atitudes frente a algumas situações. A partir do momento em que trocamos nossa ação impensada por uma atitude reflexiva e contemplatória de diversas possibilidades novas para que determinada ação aconteça, estamos fazendo educação. E definitivamente, educação não acontece apenas na Escola.
Mas educar não se refere apenas a provocar a troca da atitude impensada pela atitude reflexiva na vida das pessoas ou mostrar a elas a existência dessa troca. É muito mais que isso... É provocar, despertar nas pessoas e em nós mesmos, o desejo de pensar diferente, ou permitirmo-nos abandonar certos modelos para, talvez, assumir outros.
Devemos ousar admitir “mais modelos” (paradigmas para a nossa vida), nos permitirmos encontrar caminhos diferentes. Até quem sabe um dia, criarmos nosso próprio modelo, que não será único nem imutável, porque viver também requer pensar e repensar...
Embora erroneamente, a maioria das pessoas acredite, que a educação só pode ser encontrada na Escola, não devemos pensar assim. O estímulo a pensar deve ser constante e deve estar presente em todos os momentos de nossa vida, inclusive em nossa vida escolar. Para compreendermos os grandes filósofos (e também aqueles que não tiveram seus nomes estampados na História oficial) ou entendermos quais são as algemas que prendem as sociedades e a nós mesmos, precisamos aprender a pensar. Pensar em todas as nuances que permeiam uma determinada situação, colocarmo-nos no lugar de cada um dos personagens envolvidos nesta situação e somente a partir daí, tirar conclusões. Esta não será uma tarefa fácil, porque pensar, nos leva a pensar mais e mais. Nestas condições, chegar a uma conclusão, torna-se muito difícil. Pensar nos leva, finalmente, a agir de maneira justa.
Usando esta “lógica”, poderíamos até arriscar um questionamento: se em nossa vida cotidiana passamos por tantas situações problemáticas (independente da maturidade que tivermos), para as quais precisamos sempre tomar uma decisão, seria correto afirmar categoricamente que a Escola é o espaço que tem a obrigação maior de motivar o pensamento?
A Escola está mudando, mas a passos muito lentos... Ainda carrega o ranço de paradigmas que se impuseram como únicos e exclusivos, sob pena de não poderem ser utilizados se fossem vistos de forma diferente. É claro que para as pessoas que não tem o hábito de pensar, adotar um único modelo (pedagógico, filosófico, social, existencial, seja ele qual for!), torna-se muito mais prático. È como seguir uma rotina, onde sabemos a hora de comer, dormir, amar, falar, enfim...
A educação é uma ação reflexiva. Pensar requer uma atitude, que muitas vezes é de doação: todos nós doamos algo, mas recebemos algo em troca, que deve ser usado da melhor forma E assim como precisamos aproveitar as coisas boas que nos são oferecidas nesta troca, também precisamos doar coisas úteis, que sirvam para serem aplicadas futuramente.
Talvez na Escola, essa atitude de doação esteja mais presente que em outros ambientes. É, sem dúvida, na Escola que serão criadas as melhores oportunidades de disciplina do pensar, que para muitas pessoas, pode ser considerada a indisciplina escolar, que por vezes é vista também, como indisciplina social.
Indivíduos pensantes são complicados, porque não é fácil convencê-los para que façam nossas vontades. Talvez por esta razão, para muitos governantes (curiosamente alguns deles tornaram-se apenas sinônimo de ocupantes de cargos de confiança) seja melhor investir na aquisição de artigos que melhorem a infra-estrutura física das escolas do que em capacitação adequada aos profissionais da educação. Se pensar requer uma atitude, as atitudes que surgiriam a partir desse tipo de investimento, poderiam ser desastrosas para as políticas de Governo que ainda concebem como correto o fato de grande parte do corpo discente das escolas públicas, por exemplo, ser modificado em cada mudança de Governo e ser composto por pessoas que “pensam” segundo ideologias político-partidárias. Haveria de fato uma Revolução, mas nosso País poderia tornar-se realmente desenvolvido, não segundo os parâmetros econômicos dos países desenvolvidos, mas segundo os parâmetros morais.
Pensar requer uma atitude! É hora de agir!
______________________________________
Ana Lúcia Taborda Beckert
<beckert.ana@gmail.com>

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

CONHECER É SER

* Ivandilson Miranda Silva



Parmênides de Eléia defende a idéia que conhecer é SER, é alcançar o idêntico, o conhecimento como instrumento de afirmação da identidade. Conhecer é ser autêntico, autônomo, é ter personalidade. Mas como é possível afirmar a identidade num contexto histórico-social que impõe a negação da permanência e suspende valores?


O direito e a necessidade de ter uma identidade é que nos torna seres essenciais e únicos, sem essas características, seremos apenas número, cópia talvez e na pior das hipóteses: massa de manobra.
Conhecer é ser, um conhece-te a ti mesmo infinito, uma busca constante das raízes fundante da nossa história, do nosso ethos.


Heráclito de Éfeso constrói uma outra perspectiva sobre o conhecimento, onde conhecer é DEVIR, movimento, dialética, mudança, metamorfose. “Nada do que foi será de novo, do jeito que já foi um dia” canta Lulu Santos. A música COMO UMA ONDA, faz referência ao conceito de conhecimento proposto por Heráclito.


Conhecer é agir, pois diante daquilo que é conhecido, descoberto, revelado, não podemos ficar parados “com a boca cheia de dentes, esperando a morte chegar” como afirma Raul Seixas. Nesse sentido, conhecer é mudar a realidade, apresentar, propor, ofertar algo novo para a sociedade e para a nossa própria história.


Conhecer é SER, conhecer é DEVIR (ação). A partir dessas duas hipóteses a comunidade acadêmica produz a sua dinâmica, seu complexo emaranhado de coisas idiossincraticamente (particularmente) racional, lógico e emocional, pois sem emoção não há vida, não há envolvimento, calor, opiniões e divergências.


Depois desse grande debate em torno da verdade, da primeira substância, das perguntas e respostas iniciais para explicar racionalmente o surgimento da vida e tudo o que nela há, a filosofia grega apresenta a sua tríade mais famosa: Sócrates, Platão e Aristóteles.


Sócrates com a Ironia e a Maiêutica constrói uma das primeiras perspectivas (método) de educação da história da humanidade, Platão e o seu Mundo das Idéias coloca a razão num patamar de primeira importância, Aristóteles com a sua praticidade (Forma e Substância) contribui para o desenvolvimento das ciências e da compreensão do que é realidade.


Conhecer é SER, é VIVER, é PENSAR, é FAZER. Isso tudo é FILOSOFIA


__________________________________________________
*Graduado em Filosofia Pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL), Especialista em Metodologia do Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação Pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Mestrando em Cultura e Sociedade Pela Facom-UFBA, Professor de Filosofia e Sociologia na Fundação Baiana de Engenharia (FBE), Músico da Banda Periferia, Colaborador e Professor de Cinema e Contextualização na Associação Educacional, Cultural e Ambiental Comunidade Universitária, Leciona as Disciplinas Humanidades I e II na UNIME – PARALELA, Salvador, Ba.