sexta-feira, 3 de junho de 2016

A COM.A.I como ação transformadora nas escolas no Século XXI



Prof. Luciano Tartari Neto


 
Quando falamos sobre educação tenta-se apresentar uma leitura que é feita de alguma teoria que já tenha sido discutida pela academia ou de alguma prática que se aplica no itinerário de milhares de escolas e professores na realidade.
Esse ensaio quer apresentar elementos usados pelo Centro de Filosofia Educação para o Pensar onde ocorrem duas situações; reconhecimento da pesquisa, e sua aplicabilidade no dia a dia das escolas. Estamos falando do Conceito de Comunidade de Aprendizagem Investigativa.
Para dar ênfase a essa discussão apresentamos três conceitos básicos que permeian a educação em todos os sentidos, mostrando suas definições, aplicabilidade, resultados, críticas, etc.
Para compreendermos melhor analisaremos os conceitos Comunidade, Aprendizagem e investigativa um de cada vez.
Segundo o dicionário da Lingua Portuguesa, Michaelis, Comunidade do “latin, lat communitate, agremiação de indivíduos que vivem em comum ou têm os mesmos interesses e ideais políticos, religiosos etc”. Percebemos que a definição de Comunidade de Aprendizagem Investigativa possúi um propósito amplo: encontro comum de cidadãos para uma ação prática do aprender e do agir.
O programa Educar para o Pensar é uma tentativa de re-ler o cenário educacional, social e política das escolas e combater a “tendencia do menor esforço” disseminada em nossas escolas, sociedade, onde não se produz conhecimento, apenas se copia. A proposta de Comunidade que lançamos aqui, quer transformar a maneira de aprender, propondo essa aprendizagem não apenas na sala de aula, mas que ultrapasse os muros da escola, rompa as barreiras do social, político, e seja de fato, proveitoso para o bem comum dos cidadãos. Aprender em conjunto requer grande habilidade de convivência, exercício de tolerância, respeito e disposição para aprender uns com os outros. Aprender em comunidade é um desafio que estamos superando e colhendo frutos nas centenas de escolas Reflexivas.
Dando continuidade a nossa apresentação, a definimos Aprendizagem como: “ação de aprender qualquer ofício, arte ou ciência”. Aprender algo ou ofício requer disciplina, planejamento, criatividade, inspiração e aspiração.
Segundo o Programa Educação para o pensar, Aprendizagem vai além do ambiênte educacional, e ultrapassa o próprio conceito. Concebemos que aprender a aprender requer leitura dos modelos de mundo aprensentados; sociedade, cultura, política, valores, religião, etc, e posicionamento crítico para não permanecer apenas na crítica pela crítica, mas, apontar soluções que possam ser emplementadas e que possam transformar o espaço.
Desde muito tempo, em toda a história da Filosofia, o grande desafio das teorias dos filósofos foram aprensentar a Filosofia como interpretação, admiração, assombro, aprender a realidade e interpretá-la. Assim, enquanto programa filosófico pedagógico, lançamos o conceito de aprendizagem ligado a emancipação, ou seja; aprender algo ou ofício requer leitura da realidade, posicionamento crítico, aprender a aprende, empreender novas ações transformadoras, apontamentos de soluções. Não podemos aceitar mais a definição que aprender é apenas um ato de receber informações e processá-las, mas aprender é mais que um ato individual, deve ser coletivo e transformador.
O terceiro e ultimo conceito que estamos discorrendo é o de Investigativo.  Na definição desse termo pelo dicionário Michaelis, temos: “Investigativo, que é próprio de pesquisar, Investigar, indagar, inquirir”.
O Programa Educação para o Pensar, concebe o termo investigativo como uma ação dinâmica de aprender, descobrir, desvelar, interpretar o mundo que se apresenta a nossa razão e sentidos. Novamente buscamos na definição de emancipação como ação de aprendizagem libertadora, onde razão e emoção dos indivíduos são despertados para sempre aprender, descobrir, refletir, partilhar conhecimento, mudar ou propor mudança da situação de mundo que nos cerca e nos desafia.
Se o papel da Educação filosófica pedagógica, assim como aponta a Fenomenologia, é propor a suspenção dos juízos, e aprender sobre o que nos salta aos olhos e sentidos, deixando de lado os pre-conceitos, enquanto programa educacional, estamos sim, dando uma solução inovadora para o problema da educação sem criatividade, monótona, alienável e sem transformação social.
Por fim, compreendemos que educar nos dias atuais requer o encantamento filosófico-pedagógico, reflexão, ação, transformação.  Devemos combater os modelos educacionais que não transformam a vida e a cultura dos cidadãos. A pedagogia renovada aponta caminhos mais humanizadores, onde acontecem o resgate de valores que edificam o ser humano, a sociedade, e todas as dimenções que formam o homo sapiens.
Assim, resgatamos o conceito de Nova Educação Reflexiva, Emacipadora e Transformadora da UNESCO, descrito no texto de Jacques Delors que aponta ou redefine, os quatro pilares da educação do século XXI: Apreder a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver e aprender a ser.
O Centro de Filosofia Educação para o Pensar e sua proposta inovadora da Educação emancipatória, segue os parâmetros educacionais e larga na frente propondo esses pilares como bases às novas gerações mais humanos reflexivos, críticos, justos e que estão abertos a aprender a aprender, aprender, aprender a viver, aprender a fazer e a aprender a ser.
As sementes da educação Reflexiva já foram lançadas no solo fértil das escolas renovadas e renovadoras. Vamos colher a fina flor e nos inebriar com seu doce nectar.




Referências Bibliogáficas:

MENDONÇA, Educardo Prado de, O Mundo Precisa de Filosofia, Rio de Janiro, Agir, 1984.
DALRI, JUNCKES, Emanuelle Santiago, Rosane Santana. Comunidade de Aprendizagem Investigativa. Florianópolis, Sophos, 2003.
WONSOVICZ, Silvio, Programa Educar para o Pensar: Filosofia com crianças, adolescentes e jovens. Florianópolis, Sophos, 2005. Vol.III



Luciano Tartari Neto 
Assessor Filosófico pedagógico do Centro de Filosofia para a região Sul.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Filosofando na Escola



Prof. Odair Gonçalves[i]


Fazendo um retorno à história da filosofia, fica clara a inquietação dos três principais filósofos gregos (Sócrates, Platão e Aristóteles) com os desafios enfrentados na convivência social de seu tempo. Para esses filósofos, viver na pólis significa ocupar-se com a vida coletiva de forma integral. Mediante os sintomas de crise que ameaça a qualidade da sociedade, pode-se identificar uma proposta educacional que visa à formação do indivíduo para o agir ético e para viver bem em sociedade.
Atualmente, as profundas transformações econômicas, sociais e políticas vêm ocorrendo aceleradamente nas últimas décadas, têm constituído novos paradigmas acerca da educação, da ética e das ideias de bem e de mal na convivência social. Fruto dessas alterações emerge a necessidade de abrir novas reflexões acerca da ressignificação dos valores éticos uma vez que a incidência de escândalos, a compra de privilégios, as manobras dos mais poderosos para aumentar seus benefícios sociais em detrimento daqueles que já são menos favorecidos, sem contar as jogadas realizadas pelos meios de comunicação de massa para manobrar os seus telespectadores a atenderem seus comandos imperam o cenário nacional.
Diante de uma realidade tão adversa e, por vezes, perversa, terreno onde impera a injustiça, muito se tem falado sobre o papel da reflexão filosófica no ambiente escolar, tendo em vista a busca pela formação de sujeitos que consigam olhar criticamente para a realidade social à qual estamos inseridos. Nós também nos sentimos indagados pelos muitos questionamentos e pelas muitas respostas que já foram dadas sobre esse assunto. Por isso sentimos a necessidade de criar meios para ajudar os nossos alunos a pensar criticamente a realidade vivida.
Em busca de viabilizar tal tarefa, propomos aos nossos estudantes, das turmas de 8º ano, discutirem sobre o papel da ética nas relações estabelecidas pelos indivíduos uns com outros, com a natureza e com as coisas criadas pelos humanos para e a partir dos conceitos construídos no processo reflexivo, produzir charges ou tirinhas, evidenciando os problemas recorrentes da ausência do exercício do pensamento crítico, ético e estético, tendo como princípios norteadores o bem comum e a justiça social. 
Seja utilizando aplicativos de internet, seja demonstrando suas habilidades artísticas com produções realizadas a punho, muitas charges e tirinhas, autorais, foram elaboradas pelos estudantes. E, como almejado, a abertura da escola e dos estudantes em acolher a proposta de trabalho permitiu que alcançássemos com êxito os objetivos propostos.






[i] Professor Odair José Gonçalves, Colégio Studium - O Pequeno Príncipe, Goiânia/GO.