quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A FILOSOFIA É O ABSTRATO INALCANÇÁVEL


*Ivandilson Miranda Silva                                                                                        
                                                                      
Num mundo em que se prioriza mais o TER do que o SER, nós seres humanos, temos limitações para alcançar as coisas abstratas e dificuldades para valorizar aquilo que a priori não tem valor.


É lógico que precisamos ter casa, ter emprego, ter dinheiro para fazer determinadas coisas, pois estamos num sistema capitalista (o mérito da questão não é um debate político-ideológico sobre modos de produção). Mas, é fundamental ser amigo, ser irmão, ser amoroso, ser crítico, ser cético, ser utópico, ser...


Às vezes, ou na maioria das vezes, só valorizamos as questões que envolvem uma reflexão sobre a nossa condição de SER quando perdemos alguém próximo, quando a relação amorosa não vai bem ou já acabou, quando somos demitidos, quando o TER está ameaçado. Aí refletimos sobre nossas emoções, sobre o que estamos gostando de fazer, sobre como estamos tratando as pessoas em casa e no trabalho, sobre como estamos vivendo de forma tão dura, fria, pragmática e automatizada   


TER e não SER é estabelecer uma distância incomensurável com o abstrato, é não se predispor ao menos ao risco e a ousadia de cutucar o infinito. "Preciso aprender a ver o que não se vê, para me transformar no que o amor quiser." canta o músico Jorge Vercilo na música Invisível.


A Filosofia e a possibilidade do conhecimento crítico nos coloca diante dessa prazerosa missão de saber e ao mesmo tempo de reconhcer que nada sabemos. Sócrates, um dos primeiros filósofos que reconhceu essa dinâmica, nos deu uma grande lição com o SEI QUE NADA SEI e o CONHECE-TE A TI MESMO.


Merleau Ponty, pensador contemporâneo afirmava que "filosofar é reaprender a ver o mundo." Traduzindo em miúdos: precisamos perceber melhor a realidade, os dias passam e não são iguais e a necessidade de TER compromete a possibilidade de SER.


Ter é absoluto, concreto, imediato, temporal. O Ser é processo, atemporal, histórico, infinito. A Filosofia é o abstrato inalcançável e como canta Vercilo em sua música paradigmática: "Eu quero ver o invisível, prever o que está no ar.


Eu preciso SER para TER e não TER para SER.


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* Graduado em Filosofia Pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL), Especialista em Metodologia do Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação Pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Professor de Humanidades I e II na UNIME-PARALELA- SAVADOR, Professor e colaborador da Associação Educacional, Cultural e Ambiental Comunidade Universitária.

6 comentários:

  1. Isso é um prensamento muito lógicvo pois o ter ants do ser é priorizado por causa do egoismo humano e a falta de compartilhamento dos ensinamentos tanto filosoficos quanto filosoficos, pois a fé e a razão andam juntas para que o homem possa alcançar o saciar da grande incognita da vida huma: o problema da vida e do mal, sem essas duas linhas de pensamento o homem se torna, ou meramente dogmático, ou meramente racional, assim incompleto, insatisfeito e com um monte de interrogaçl~çoes que permearão a seu próprio mundo das ídéias.

    um grande abraço meu amigo pensador.

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  2. Muito bom! a maioria das pessoas, devido o munod capitalista ao qual vivemos acha que a felicidade esta contita em ter e não em ser.

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  3. Rogerio,
    Como é bom qundo se filosofa sobre coisas simples mas de um incomensurável valor para nossa vida... Parabéns...
    Segue alguns pensamentos, meus, e antigos em minhas reflecções:
    "A vida é um dom de Deus de um valor sem limites, quando, não só se vive para ser, mas, também para conviver...

    A Expressão máxima do amor é a convivência, que gera, que cria, que constrói, que anima e que converge para Deus...

    Contribuir significa bem comum, Servir é mais que contribuir, porém ambos são indispensáveis ao desenvolvimento de qualquer comunidade...


    Estes pensamentos estão intrinsecamente ligados ao ter e ao ser...
    Amigo do SER

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  4. Muito bem pontuado. "Gandhi" costumava dizer; "o homem recusa a recordar a sabedoria dos antigos", ou seja, desaprendeu apreciar o belo, optando pelas falsas aparências, ao imediatismo e mais prático. A maioria desconhece a disciplina. Daí porquê em nossa experiência cotidiana, é a de lutarmos determinados a cosntruir novos caminhos, e sob um novo olhar...

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  5. Esta reflexação chegou na hora certa!Enviei-a a alguém muito querido, amado... que está passando por um momento difícil. Não em relação ao "ter" mas ao "ser". Obrigada.

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