Nei Alberto Pies
“A política é a arte do possível.
Toda a vida é política”. (Cesare Pavese)
Depois das eleições, é comum que diferentes pontos de vista sejam empenhados
para justificar os resultados e o suposto recado da população através das
urnas. Para além destes elementos, é importante destacar como os políticos,
agora eleitos, foram conquistando para si a confiança dos outros e como foram
capazes de mobilizar mentes e corações que os acompanharam durante o período
eleitoral. Nas eleições municipais, a proximidade, o conhecimento e reconhecimento
dos candidatos somam-se para a definição e tem certo peso na definição das
escolhas.
Cada um
de nós compõe a sua história social. Somos o que somos e o que representamos.
Em torno da gente, construímos um ideário que se compõe a partir das nossas
ideias e atitudes, das nossas relações pessoais e interpessoais e dos nossos
posicionamentos em relação à vida, à sociedade e o mundo. Todos somos seres
políticos e “toda a vida é política” porque viver em sociedade exige
posicionamentos, opções e virtudes, permanentemente. Quem se dispõe à vida
pública deve saber que todos estes elementos serão avaliados e confrontados com
aquilo que propõe como soluções coletivas. Daí que não é possível separar a
pessoa da função ou do cargo e vice-versa.
A
política, para além da busca do bem-comum, é uma grande paixão que alimenta
horizontes utópicos pessoais e coletivos. Cada candidato, ao longo de sua vida,
foi construindo um capital social que, nas eleições, colabora para criar uma
identidade com o seu eleitor. Este capital é social porque construído na
relação com a comunidade, com o partido e com seus pares (apoiadores). Muitos
chamam este capital de carisma, de marca, de imagem, de identidade própria, de
peculiaridade.
Quando o
marketing e a propaganda política traduzem e afirmam a identidade dos
candidatos, cumprem papel preponderante para subsidiar a escolha dos eleitores
(ao ler esta reflexão você pode estar avaliando o quanto foi influenciado pela
propaganda e mídia na decisão de seu voto). Do contrário, a propaganda soa
falsa, não cola na imagem do candidato e passa ao eleitor uma ideia de
falsidade ou inverdade.
Contexto
político e econômico favorável, apoio político, fala boa e bem articulada, boa
comunicação, marketing e argumentos bem construídos nem sempre são suficientes
para ganhar uma eleição. Ao analisar boa parte dos prefeitos eleitos em nosso país,
inclusive os muito bem votados, podemos constatar que, em grande medida, a
maioria elegeu-se também por conta de sua marca e identidade pessoal na vida
pública. Daí a imaginar que, se não preponderante, a marca e a identidade
pessoal são um grande “plus” para quem deseja ganhar uma eleição.
Nei Alberto Pies, professor e ativista de direitos
humanos.
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