Prof. Weber Campos de Souza[1]
Para começar nossa reflexão
gostaria de citar um pensamento levantado pelo Professor César Nunes no 1º
programa “Café com Ideias: um espaço de diálogo” (ver em www.youtube.com/editorasophos).
Ele mencionou um trecho de Bernard de Chartres que diz o seguinte: “Suba no
ombro dos gigantes para olhar mais longe, mas ao olhar mais longe seja humilde.
Referencie quem te segurou no ar para que pudesses ver”.
Ler essa citação e assistir ao
programa pode nos levar para vários questionamentos como: Quem são esses gigantes?
Qual a necessidade de subirmos no ombro desses gigantes? Para onde vamos ao
enxergar mais alto e mais distante? Podemos perceber que se quisermos colocar
mais perguntas sobre esse pensamento vamos ter inúmeras, mas vamos partir do
principio dessas três perguntas.
Quem são os
gigantes para os nossos alunos?
Primeiramente devemos pensar que um gigante para os nossos alunos é aquele que vai conseguir trabalhar com crianças, adolescentes e jovens, uma forma que valorize os pensamentos dos seus alunos. Muitas vezes os próprios pequenos pensadores não acreditam ou acham seus pensamentos pouco razoáveis para serem abordados em uma sala de aula. O gigante, por apresentar uma posição maior, ter o domínio do conteúdo e ser o líder para aquele grupo deve estar atento que o ambiente de sala de aula é frequentado por pessoas que estão cada vez mais ligadas em tv, jogos e computadores, acessando sites e redes sociais e, muitas das vezes essas rápidas informações e/ou conhecimentos encontrados nem sempre são úteis ou verdadeiros.
Está aí muitas vezes o maior vilão
para os gigantes: o conhecimento e informação digital. O perigo para esses
gigantes se dá pelo fato de que é muito mais fácil e prazeroso um aluno ficar
ligado em uma cena de novela, a ida a um show da banda do momento, uma gíria
descolada e, ficar trocando mensagens via celular com os colegas da turma do
que ter a consciência do que é um verdadeiro conhecimento. A ação principal
desse gigante é ter como aliado o mesmo que Sócrates teve quando iniciou a
Filosofia: a pergunta.
A partir do momento em que o aluno
percebe que toda a sua circunstância existencial faz parte de um Programa Educar
para o Pensar, ele já consegue relacionar que aquelas perguntas do tipo: O que
é aquilo? Qual a importância do celular? Qual o sentido da vida? Por que as
pessoas pensam diferentes? Devo gostar do que está na moda? Situações que até
então eram pensamentos razoáveis, passam a ser as primeiras pontes para um
caminhar filosófico. Podemos refletir então que para subir no ombro de
gigantes, a pessoa começa por meio do atrativo da indagação e, a partir dai vem
a segunda pergunta: Qual a necessidade de subirmos no ombro desses gigantes?
O aluno descobre assim com os
primeiros filósofos, que a Filosofia se dá por meio de uma admiração entre
homem e sua nova forma de ver e observar o mundo. Já no ombro dos gigantes o
aluno percebe que a Filosofia não se restringe apenas nas perguntas, mas nas
proximidades das respostas. Sabe que as respostas não estão prontas e acabadas,
porém, já em cima do ombro dos gigantes, através do amor pelo real e verdadeiro
conhecimento é possível passar a ter uma visão mais ampla de mundo. O aluno estará
mais seguro em seus pensamentos, atitudes, opiniões e decisões para o futuro.
Com a evolução do indagar, do
refletir, o pensamento filosófico parte de uma premissa mais concreta colocando
sempre a política e as questões éticas do comportamento humano em uma
proximidade da realidade, atingindo assim o bem estar e a felicidade do ser
humano. Enfim, para onde os alunos vão
ao enxergar mais alto e mais distante?
Verdade é que quando eles estão
caminhando juntamente com os gigantes e no ombro deles, percebem que não adormecem
nem acordam. A nova visão faz com que o olhar perceba que, tendo sonhos ou
pesadelos, estão seguros para um alvorecer de novas realidades, novas
descobertas e teorias. Mas nesse alvorecer percebem também que a vida passa,
mas quando estão no ombro de gigantes e com o olhar mais amplo, nada mais é do
que dar continuidade a um mundo que sempre buscou para seus anseios.
Estar no ombro dos gigantes
é perceber que vamos caminhando para continuar tecendo o fio da existência.
Também a certeza de que somos ‘Filo Filósofos’, isto é, “amigos dos Amigos da
Sabedoria”.
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