Fátima Regina de Queiroz Porto
Sim, evidentemente não é possível fazer o mesmo trabalho que pode ser feito em grupo, onde o aproveitamento é muito maior. Porém no espaço individual o conteúdo do texto é muito rico e permite que dificuldades diagnosticadas anteriormente, através dos testes específicos da psicopedagogia, possam ser tratadas, em grande parte.
É preciso dizer que o uso dos textos, depende de quais dificuldades foram encontradas e requer um critério de objetivos para o que se deseja alcançar com o texto. Da mesma forma que surgem questões no grupo, elas também se apresentam no espaço individual, apesar de que dependem muito da realidade vivenciada pela criança, e como já foi dito de suas necessidades especificas. Perde-se a riqueza da variedade de perguntas de um grupo.
Numa experiência pessoal, com o livro - O Meu Quintal (Coleção Filosofia o Início de uma Mudança) - podemos perceber que o texto atende as necessidades de uma adolescente com 14 anos, que apresenta algumas dificuldades de aprendizagem, como leitura, entendimento de texto, escrita, raciocínio matemático, noção de espaço e tempo.
Evidentemente, o texto vai para muito além dessas questões, mas possibilita que muitos links interessantes sejam feitos, porque a coerência, clareza da história contribuem de forma consistente. Quintal é um lugar, onde várias coisas, seres e pessoas se encontram. A noção de espaço que precisa ser trabalhada começa neste ponto, mas esse espaço não e apenas físico, mas pode estar na minha mente, assim temos outra dimensão, como temos também a questão do diálogo no quintal que pode ser transferido.
Na leitura do texto, podemos observar que os destaques feitos, não alcançam todos os itens, como acontece numa sala de aula normal, porém a percepção de que algo mais está acontecendo está presente sempre, mesmo que a criança não saiba expressar, por isso devemos nos preparar para criar os caminhos que a ajudem a fazer as ligações mais importantes para atender suas necessidades. Este é o objetivo principal, usar filosofia para atingir os pontos que contribuem para o desenvolvimento da criança, especialmente nas áreas em que ela vivencia suas dificuldades pessoais.
O que de mais importante posso observar é que a filosofia leva a reflexões muito mais interessantes, do que o uso de textos comuns, tradicionais, separados, diferentes em cada sessão, porque a intencionalidade por trás dos textos filosóficos é muito ampla e proveitosa, não se restringe a alguns temas apenas. O manual que este livro trás, é muito bom, e com certeza ajuda, mas é preciso também, tanto no trabalho individual como em grupo, ter em mente que o ser humano é muito dinâmico, o que significa que pode surgir algo novo que não foi tratado. Por exemplo, foi possível perceber a dificuldade com o calendário através desse texto, que não havia sido detectada antes.
Foi possível observar relações familiares, bem como a percepção e palavras diferentes, seus significados mais amplos que apenas a descrição do dicionário. Outra observação interessante é uma conclusão a partir da questão levantada pela própria adolescente de que a coruja fica sempre fazendo perguntas, a conclusão foi: “Se não pergunta não aprende”. Pode parecer pouco, mas dentro da realidade dessa pessoa é uma conclusão necessária e importante para sua vida pessoal, que a ajuda a sair um pouco de seu silencio interior, para caminhar na direção do outro buscando através de perguntas o aprender. Criando um vinculo com a aprendizagem através do perguntar. Para quem tem dificuldades de aprendizagem, perguntar é fundamental. Além do exercício da leitura, entendimento do texto e vários espaços para se trabalhar espaço, tempo, mudanças.
Enfim ter como referencial este livro tem trazido muitas contribuições positivas, além de uma forte crença que o trabalho da filosofia com crianças, é algo muito mais amplo ainda, e que estamos caminhando, mas com certeza temos muito a descobrir.
Fátima Regina de Queiroz Porto
Filosofia e Psicopedagogia
fatimarqp@gmail.com
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
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A filosofia como o texto diz, vai muito além da sala de aula, ela está presente no nosso cotidiano e precisamos pensar a todo instante, tanto na gente como no mundo que nos rodeia.E para isso, é necessario que façamos perguntas. Sem perguntas não há resposta.Acredito que este livro O Meu Quintal que mostra uma coisa bem particular pode sim trazer surpresas para psicopedagogia onde crianças aprendem a refletir sobre ele e o outro. Como exemplo: crianças que n tem um quintal,violencia nas ruas,no proprio quintal, principios, valores que foram transmitidos(respeito, cuidado,amor, responsabilidade)Etc...
ResponderExcluirMuito obrigada por existir esse sistema de ensino reflexivo.
a sala de aula não gurda todos os meandros das coisas, na rua a filosofia é outra
ResponderExcluirConsidero muito relevante esta relação da Filosofia com a Psicopedagogia, pois trabalhamos com criança e jovens que tiveram seu pensar aprisionados por algum motivo. Provocar o pensar com textos filosóficos no trabalho psicopedagógico é um diferencial que traz resultados interessantes àqueles que precisam restabelecer o vínculo positivo com o aprender, resgatando a curiosidade imprescindivel ao pensar, estabelecer relação e aprender. Gostei muito do texto e reconheço o valor do ensino reflexivo.
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