quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Qual diferença a partir de uma Educação Reflexiva?




Prof. Dr. Silvio Wonsovicz *

Sinto-me honrado por participar do encerramento da Semana da Educação do Município de São José com um tema tão importante para nós educadores que estamos nas escolas, que temos uma responsabilidade enorme enquanto cidadãos e, que passamos por tantas dificuldades. Nós que vivemos grande parte de nossa vida profissional e produtiva no ambiente ESCOLA. Lugar onde nos realizamos como indivíduos e realizamos muito com muitos outros indivíduos.

– “Dos Saberes Acadêmicos aos Saberes Cotidianos, uma Prática Possível” – Tema das conferências, palestras, oficinas, discussões aqui apresentadas. Objeto de nossas angústias, quando expressamos (e quem de nós um dia já não disse – “Na teoria é muito bonito, quero ver na prática”). Portanto fazendo parte de nossas discussões teóricas e práticas nos conselhos de classe, no dia a dia da sala de aula, da hora do intervalo, da nossa vida na escola enquanto profissionais da educação.

Quero iniciar minhas reflexões nessa Mesa de Encerramento que tem como tema: “A Diferença se faz pela Educação” com uma história chamada – “Faça o que eu faço” atribuída a Gandhi


Faça o que eu faço
Uma mãe levou o filho até Mahatma Grandhi e implorou-lhe:
- Por favor, Mahatma, diga a meu filho para não comer mais açúcar...
Depois de uma pausa, Gandhi pediu à mãe:
- Traga seu filho de volta daqui a duas semanas. 
Duas semanas depois, ela voltou com o filho. Gandhi olhou bem fundo nos olhos do garoto e lhe disse:
- Não coma açúcar...
Agradecida, porém perplexa, a mulher perguntou a Gandhi:
- Por que me pediu duas semanas? Podia ter dito a mesma coisa a ele antes!
E Gandhi respondeu-lhe:
- Há duas semanas, eu estava comendo açúcar.
Extraído do livro “Como atirar vacas no precipício”



Atribuir que A Diferença se faz pela Educação é colocar o ponto de transformação da sociedade em um elemento indefinido - Educação.

Dizer que um país só irá alcançar um bem estar social, econômico pela Educação é genérico e vago. Que Educação? Qual diferença? Para que? Com quem?

Somos nós educadores os responsáveis primeiros para que isso venha acontecer – só teremos uma diferença acontecendo na educação se ela realizar-se conosco em primeiro lugar. É Gandhi dizendo não coma açúcar com propriedade depois de duas semanas em que deixou de comer açúcar.

- Onde quero chegar com minha breve reflexão?

Na valorização e importância de nós educadores, tomarmos a escola e a Educação nas mãos e dizermos, com competência quais conteúdos, reflexões e ações queremos concretizar na Comunidade em que a Escola está inserida.

- Como isso?

Precisamos nos dar conta de que somos os agentes responsáveis para que nossa ação faça diferença. Como? Nos apropriando cada vez mais dos conhecimentos e saberes acadêmicos para entendermos e apoderarmo-nos dos saberes e entendimentos do cotidiano de nossos alunos e comunidade em que estamos. Em outras palavras – Estudarmos, estudarmos e estudarmos....

Precisamos, como educadores, ser cientistas, investigadores, leitores, construtores de idéias e teorias, escritores de nossa prática. Agora isso precisa ser feito em Comunidade de Aprendizagem Investigativa escolar – isto é envolvendo todos educadores e os saberes, sozinhos nossa teoria e prática passam a ser estéreis... não darão frutos ou esses podem não ter sementes... Aí voltamos as velhas colocações:
- O que fulano (a) quer com tudo isso?
- Você já faz demais pela valorização que lhe dão...
- Ele (a) está começando na carreira, por isso toda motivação...

Mas não é sobre isso que quero refletir nesse momento. Quero levantar questões para continuarmos a pensar no nosso dia a dia, na minha sala de aula, na minha escola, no conselho de classe, com o aluno ou pai que me afronta, na sociedade que não me valoriza e (muitas vezes eu mesmo não me valorizo) mas preciso perguntar:



O  Que é e como educar hoje?
Minha resposta, construída em cima de minha prática: Educar hoje é preparar indivíduos e grupos, dentro de uma Investigação Ética responsável.

Como?

  • Através de um Humanismo com espírito livre, isto é, com responsabilidade “Buscamos e sonhamos que nossos alunos participem desse mundo como autores”
  • Pensando melhor a linguagem e aprimorando o raciocínio;
  • Abrindo espaços para o diálogo constante;
  • Acreditando numa Educação que leve para a Reflexão...


Para que?
“Para nunca aceitar de imediato os fatos, a realidade como nos apresentam. Precisamos pensar maiores considerações para iniciarmos o processo de aceitá-las ou não.”

- A Diferença se faz pela Educação quando construirmos em cada sala de aula e na escola a Comunidade de Aprendizagem Investigativa.

A existência da Comunidade de Aprendizagem Investigativa vincula-se a alguns fatores essenciais:
* Escola, sala de aula..., aberta ao novo;
* Profissionais de educação efetivamente “habilitados”;
* Educandos como sujeitos aprendentes.

Objetiva-se nessa COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM INVESTIGATIVA:
1. Ao invés de conteúdos, habilidades, participação, socialização dos saberes;
2. Ao invés das verdades prontas, hipóteses e reflexões;
3. Ao invés do ensino magistrocêntrico, o trabalho em equipe, a participação efetiva de todos.


Para encerrar uma história convidando a nos educadores fazermos diferença pela Educação


Você é uma maravilha
Cada segundo que vivemos é um momento novo e único do universo, um momento que nunca mais existirá... 
E o que é que ensinamos aos nossos filhos? Ensinamos a eles que dois mais dois são quatro e que paris é a capital da frança. 
Quando ensinaremos a eles o que eles são? 
Deveríamos dizer a cada um deles: sabe o que você é? Você é uma maravilha. Você é único. Em todos os anos que se passaram, nunca houve outra criança como você. Suas pernas, seus braços, seus dedos inteligentes, a maneira como você se move. 
Você pode se tornar um Shakespeare, um Michelangelo, um Beethoven. Você tem capacidade para qualquer coisa. Sim, você é uma maravilha. E quando crescer, como então poderá fazer mal a uma outra pessoa que, como você, é uma maravilha? 
Você deve trabalhar - todos devemos - para tornar o mundo digno de suas crianças. 
(Livro: Canja de galinha para a alma. De Jack Canfield & Mark Victor Hansen, Ediouro, 2002)

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* Artigo para Mesa Redonda no encerramento da Semana da Educação promovido pela Secretaria de Educação de São José/SC -  30 de julho de 2009.

4 comentários:

  1. Prof.Silvio,
    Como educadora me apaixonei pela Proposta Educar para o Pensar e cada dia que passa, atraves da leitura dos seus trabalhos, vou vendo a profundidade dos seus objetivos.Trazer Gandhi como referência a nós educadores e pais no "Faça o que eu faço" foi pra mim muito oportuno e relevante.Esta matéria fecha com chave de ouro os trabalhos escritos até esta data de dezembro/2009

    Prof.Lia Anhesim Bazzo
    Coordenadora
    Nufep-df

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  2. Prof. Ao ler o seu texto me senti querida e valorizada, que coisa boa! Em meio a tanta violência, preconceito, desvalorização, pude encontrar: valor, sabedoria, docilidade, possibilidade, tolerância, significado. É bom ler, saber, acreditar. Boas festas, Feliz Natal!!!!!!!!! Vânia ( Jacaraípe - E.S.)

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  3. Prof. unir a reflexão à ação, possibilitando a construção do concreto, tranformando sonhos em realidade. Seu texto referenciado à educação, eu diria; está fascinante e muito bem pontuado. Que Deus continue lhe abençoando e fortalecendo cada vez mais esse seu "entusiasmo", pela educação... Um Natal com muitas alegrias!!!

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  4. OLá Prof. Dr. Silvio, Bom dia
    Ao ler sobre seu artigo já no final do ano com as baterias nas últimas de cansaço, rsrsrs, até me reanimei em pensar numa Educação mais Ética e Justa dentro dos espaços escolares e vou para as férias com esse pensamento. Abraços e ótimas férias. Prof. Alessandra.

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