quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O ensino da Filosofia na vida da escola


Luis Cláudio Calmon e Valéria C. Gomes Calmon

             O pensar, o criar, e o agir consciente libertam o ser humano e o transformam em sujeito de sua história.

            A Filosofia é uma importante ferramenta para que o homem atinja a condição de ser humano em sua plenitude. O que distingue a nossa espécie das demais é exatamente a condição de livres pensadores.

O ser humano é um animal consciente de si próprio e de suas relações com o meio ambiente e com os demais indivíduos. Por isso, passa a ser responsável por todos os processos em que está envolvido.

            A Filosofia é, portanto, uma luz criadora e desafiadora para que as pessoas possam enxergar a realidade de forma mais clara, tornando-se agentes de seu destino.

            A relação da Filosofia com a Educação é visceral. Nesse sentido, tomemos como exemplo as palavras do professor Anísio Teixeira:

“Sendo a educação o processo pelo qual os jovens adquirem ou formam "as atitudes e disposições fundamentais, não só intelectuais como emocionais, para com a natureza e o homem", é evidente que a educação constitui o campo de aplicação das filosofias, e, como tal, também de sua elaboração e revisão”.

            Na antiga Grécia os filósofos eram professores e buscavam renovar os valores da sociedade e construir uma educação melhor e mais efetiva.

             Anísio Teixeira acrescenta:

“Eram, pois, filósofos e reformadores. Os estudos filosóficos formais nascem, assim, como estudos de educação. Os sofistas foram os "primeiros educadores profissionais" da civilização ocidental”.

            A Educação trabalha o indivíduo como um todo e a Filosofia ajuda as pessoas a elucidar as incertezas, ou seja, buscar os porquês. Sem essa busca a Educação seria repetitiva, fechada em si mesma, assemelhando-se a simples adestramento, treinamento sem criatividade, decadente instrumento ideológico de dominação ou mera formação de força de trabalho a ser explorada por algum grupo dominante de plantão.

            O grande desafio da Educação passa por moldar um ser pensante, formar um estudante para que se torne cidadão integral, orientado por conceitos próprios e valores reais, em prol do desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária.

            A Educação é um caminho a ser percorrido e não simples meta a ser atingida. Durante esse caminho forma-se um conjunto de valores e saberes que levam o homem ao discernimento e à escolha de seu rumo. Somente assim poderá o ser humano considerar-se livre.

Nesse processo, a Filosofia cria um enfoque crítico e reformador da educação, para auxiliar o educador a mediar o processo de construção do ser como sujeito integral, nas suas dimensões afetiva, social, econômica e moral.

A Filosofia deve sempre balizar os referenciais teóricos e as práticas educacionais de modo a evitar que se cristalizem em conceitos pétreos e dogmas inquestionáveis.  No âmbito da Filosofia e da verdadeira Educação, nada pode ficar ao largo de nova perquirição no sentido evolutivo, sob pena de obstaculizar a identificação da realidade desejável.

Deve, também, orientar a construção de novos valores e formas de conhecimento intelectual, respeitando a subjetividade do ser e a necessidade de construção de bases éticas, morais e culturais tão relevantes para o desenvolvimento da vida em sociedade.

            Filosofia e educação devem andar juntas na teoria e na prática, pensar e repensar os processos educativos, sem se transformar unicamente em prática exclusiva de especialistas em educação e sim de toda a comunidade educativa, entendendo-se como tal pais, alunos, professores, funcionários, pesquisadores e especialistas em educação.

Não se pode admitir a educação como processo adstrito à escola. A educação inicia-se em casa e passa pelos múltiplos segmentos do complexo político-social da comunidade que lhe corresponde, assim como pelos inúmeros instrumentos informativos e de divulgação.

            O final do século XX e o início do XXI são marcados pela inquietação mental das pessoas em função da complexidade da vida moderna e dos reflexos da globalização que interferem direta ou indiretamente em nosso comportamento. Nesse cenário emerge a FILOSOFIA como instrumento de perquirição sobre o cotidiano, significados da vida moderna e questionamentos sobre nosso aqui e agora.

            A escola, como agência de veiculação da educação formal, já sentiu esse movimento. Existem estabelecimentos que voltaram a adotar a Filosofia como ferramenta de desenvolvimento do pensar, tendo aulas de Filosofia na grade curricular, e alguns utilizam a Filosofia integrada a outras disciplinas.

As aulas passam a ser tratadas como excelente exercício do pensar. Há exploração da leitura de textos (os mais diversos - Geografia, História, contos, lendas, romances...) seguida de interpretação dirigida e, após a exploração textual, são introduzidas perguntas filosóficas que determinam o tom da discussão, o caminho da dúvida e da reflexão a serem enfrentadas, tornando riquíssima a experiência do pensar individual e em grupo e gerando um exercício perfeito de reflexão filosófica.  

O grande papel da Filosofia na educação é esse: gerar dúvida, provocar a desconfiança, instigar a pesquisa e a procura de respostas, promover o desenvolvimento cognitivo através da reflexão sobre as coisas, provocando, enfim, a autonomia de pensar e agir.

A Educação e a Filosofia instrumentalizam os seres humanos para que possam atingir novos conhecimentos, desenvolver seu potencial criativo, enfrentar desafios, relacionar as informações e tirar as próprias conclusões.

            A Filosofia está cada vez mais presente nos dias atuais, como veículo importante de análise e postura crítica perante todas as situações complexas e difíceis de serem entendidas.

            Concluindo, não podemos deixar de afirmar, sem maiores digressões, que a Filosofia - como modo de reflexão da vida moderna - merece grande estímulo, aplicabilidade e desenvolvimento crescente no âmbito da educação.

 

Referências Bibliográficas:

TEIXEIRA. ANÍSIO S. FILOSOFIA E EDUCAÇÃO.
http://www.prossiga.br/anisioteixeira/fran/artigos/filosofia.html - Download realizado em 01/10/2007

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

É preciso reencantar o mundo: três garfadas para ter certeza!

Jackislandy Meira de M. Silva
            É muito sugestivo iniciar essa discussão com a tão ouvida música de Chico Buarque: “Todo dia ela faz tudo sempre igual, me sacode às seis horas da manhã. Me sorri um sorriso pontual e me beija com a boca de hortelã.” (Chico Buarque, cotidiano, 1971). É preciso fazer as coisas como se as tivéssemos fazendo pela primeira vez. Não é necessário fazê-las do mesmo jeito ou da mesma maneira, mas fazê-las a seu modo. Aí me lembro de Heidegger quando afirmou em “Ser e Tempo” o não dizer o mesmo sobre a mesma coisa não implica em trair o ser, mas assumir o mesmo ser de outra perspectiva.
            Ao ler “Um pequeno manual de Filosofia para sobreviver a um papo cabeça” de Sven Ortoli e Michel Eltchaninoff, deparei-me com problemas e conceitos de Filosofia que fluíam naturalmente numa conversa informal de ambiente de jantar. O comensal estava repleto de ironias; verdades e inverdades iam e vinham em volta da mesa cujo desfecho era sempre inusitado com gargalhadas e alguns goles de vinho em meio a garfadas e mais garfadas de comidas.
            Logo na primeira garfada, alguém toma a palavra: “o mundo foi encantado. As primeiras civilizações acreditavam na magia. Recorriam às potestades irracionais. O mundo era regido por forças atuantes, deuses, relâmpagos misteriosos e trevas. Os sacerdotes, feiticeiros, xamãs e outros videntes faziam o papel de telégrafos entre deuses e humanos. Mundo mágico, poético, mitológico, e super-romântico!” (ORTOLI, Sven. ELTCHANINOFF, Michel. Um Pequeno Manual de Filosofia para Sobreviver a um Papo Cabeça. Rio de Janeiro: Agir, 2008. pp. 112-113). O papo realmente vai ficando apimentado pela magia, até que...
            Vem a segunda garfada... “O mundo foi desencantado. Esse processo, denominado Entzauberung pelo sociólogo Max Weber, e revisitado pelo filósofo francês Marcel Gauchet, começou há muito tempo. Assim que os fiéis rechaçaram a magia, qualificada de superstição, o desencantamento adveio. No início, os profetas judeus abalaram o poder dos sacerdotes ao estabelecer uma relação pessoal com o Todo-Poderoso. A magia não era mais uma técnica de salvação. Em seguida, o movimento ganhou impulso inexorável com o protestantismo, no século XVI, que pôs por terra todos os sacramentos tradicionais, manifestações sacralizadas do divino. Assim, passou a prevalecer, sobretudo no calvinismo, a relação individual e solitária com Deus. Ninguém precisava mais de padre para absolver, para promover a redenção e a esperança de misericórdia. Essa atitude espiritual estendeu-se a todo o universo humano. Max Weber mostrou que ela alimentou o espírito do capitalismo e fez progredir o racionalismo no mundo moderno... A partir do século XVIII, o cristianismo serviu apenas como peneira. Religião menos sagrada, mais doce e mais humana, ela teria desembocado numa moral sem Deus, nova religião dos direitos humanos identificada com a construção do ideal democrático. Tudo está ligado: secularização e espírito democrático, economia capitalista e racionalização do real. O homem, a sós consigo mesmo, precisava apenas se virar, construir, sem padres, príncipes ou magos, seu próprio futuro. Tarefa pesada”(Ibidem).
            Quando tudo parecia complicado demais, e o homem envergando-se cada vez mais sobre si mesmo ao ponto de nos indicar um desprendimento de Deus para um apego a si...
            Tome uma terceira garfada, desta vez de torta de creme: PRECISAMOS REENCANTAR O MUNDO!
            “Polvilhar nele um pouco de magia. O indivíduo contemporâneo chegou ao fim de sua autonomia. Por acreditar apenas em suas próprias forças, destruiu seu planeta e não suporta mais seus semelhantes. Sente saudade das religiões, que o ajudam a pensar e a viver. Quer se volte para o budismo, a jardinagem, a leitura de Paulo Coelho ou o Código Da Vinci, ele exprime uma necessidade de reencantamento. Trata-se de reencantar o mundo sem voltar à superstição ou ao mero fanatismo”(Ibidem).

Jackislandy Meira de M. Silva, Professor e Filósofo.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Filosofar? Devemos e podemos



Prof. Dr. Silvio Wonsovicz*

                As palavras têm poder de convencer, mas são os exemplos e as ações que fazem a mudança. Vamos considerar isso à luz de um trecho da música Aloha, de Renato Russo – “A juventude está sozinha / Não há ninguém para ajudar / a explicar por que é que o mundo / é este desastre que aí está” – ao lado de um texto discutido em aula de filosofia (Discutir e construir um filosofar vivo - 3º ano Coleção NEFC). A conclusão é que podemos e devemos pensar melhor.
“Seja um sonhador: Ouse sonhar, pois os sonhadores veem o amanhã. Ouse fazer um desejo, pois desejar abre caminhos para a esperança, e ela é o que nos mantêm vivos. Ouse buscar as coisas que ninguém mais pode ver. Não tenha medo de ver o que os outros não podem. Acredite em seu coração e em sua própria bondade, pois, ao fazê-lo, outros acreditarão nisso também. Acredite na magia, pois a vida é cheia dela, mas, acima de tudo, acredite em si mesmo... Porque dentro de você reside toda a magia da esperança, do amor e dos sonhos de amanhã” (pág. 19).
                A partir das reflexões que o texto abre temos uma aplicação prática do ensino filosófico. Uma filosofia viva deve ser condizente com a idade, de acordo com as experiências pessoais, aberta à dúvida, à angústia, ao novo. Ela deve questionar as certezas, o instituído, a fim de capacitar os alunos à reflexão sobre posicionamentos tomados diante de fatos diversos e à leitura deles.
                Todos somos filósofos ao questiona nossos desejos, ideias e ações; ao questionar os outros, o que pensam e a forma como pensam, agem ou deixam de agir; ao questionar o mundo, a fim de entendê-lo e descobrir se ele pode ser diferente.
                Queremos que a sala de aula se transforme numa comunidade de aprendizagem investigativa. Como? Com a participação de todos nas atividades de aprender, discutir, investigar e agir. O conhecimento, além de ser um caminho pessoal de descobertas, é também fruto de atividades cooperativas.
                Como esse ensino filosófico deve ser? Ele deve partir do conjunto de conceitos e concepções que os indivíduos apresentam. A isso aliam-se conteúdos filosóficos com o objetivo de buscar uma nova visão de mundo por meio da investigação e da discussão. Desse modo, podem ser obtidos subsídios para a análise teórica e a compreensão do cotidiano.
                Um ensino filosófico de qualidade precisa ser dialógico e dinâmico em seu relacionamento com os demais conteúdos escolares. Mas não deve se limitar à interdisciplinaridade ou à interação com a realidade, com a experiência dos alunos ou mesmo com a definição da linha epistemológica do professor. É preciso levar em conta também os procedimentos metodológicos e os instrumentos e a visão de avaliação condizentes com a aprendizagem filosófica de crianças e jovens.
                Filosofar com crianças, adolescentes e jovens é capacitá-los para debater e confrontar ideias, é prepará-los para a dúvida, para o não conformismo diante dos fatos. É buscar participação no processo de formação do indivíduo, no estabelecimento de novas relações entre pessoas e instituições.
                Aprender a filosofar desde os anos iniciais requer do aluno abertura ao novo, mas também consideração pela experiência vivida por outros, sempre tendo presente uma tradição de pensamentos filosóficos. A mudança pela educação filosófica passa pelo esclarecimento e consolida-se pela relação íntima entre saber, poder, cultura e transformação, isto é, pela emancipação do indivíduo.
                A filosofia dever contribuir para a formação de uma consciência crítica, para abrir o entendimento sobre as formas atuais de dominação e opressão presentes em todas as relações sociais, manifestas nas ideologias, nas convenções e nas alienações. O aluno deve aprender a pensar de modo filosófico, o que se traduz numa critica constante à cultura dominante, a suas manifestações que levam a um pragmatismo reducionista da vida.
                Essas utopias e realizações presentes nos vinte cinco anos de trabalhos com escolas de todo País validam os esforços, enquanto Centro de Filosofia Educação para o Pensar e Editora Sophos. Inspiram as lutas pela presença, natureza e alcance emancipatórios da reflexão filosófica na escola. Trata-se da possibilidade de mudar ou de superar a própria identidade da filosofia em nossa sociedade. Queremos uma juventude que saiba, não apenas dizer porque o mundo está como está, mas propor soluções, pensar e realizar novos caminhos e relações.
Dia 21/11/2103 – Dia Internacional da Filosofia
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*Autor, professor, palestrante e presidente do Centro de Filosofia e Editora Sophos que há 25 anos faz uma filosofia viva e desenvolve trabalhos com escolas particulares e públicas em todo Brasil.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Filosofia Viva

CARTA DE FLORIANÓPOLIS


Documento aprovado ao final
II Congresso Nacional de Educação para o Pensar.


  1. Nós, educadoras e educadores, num total de 756 participantes no II Congresso Nacional de Educação para o Pensar e Educação Sexual, reunidos de 22 a 25 de Julho de 2003, nesta cidade de Florianópolis, Estado de Santa Catarina, Brasil, manifestamos nossos princípios e propósitos, de modo a registrar aqui diretrizes e proposituras que venham fortalecer nossas convicções e revitalizar nossas esperanças e objetivos.


  1. Reafirmamos nossa crença na educação humanista, que considera o homem e sua condição subjetiva e social como o fundamento de toda educação. Afirmamos a educação que prepara para a vida, que vincula a comunhão da cultura e do conhecimento com o compromisso com princípios éticos emancipatórios, com a elevação estética da vida, com a responsabilidade social e a promoção da participação política democrática e libertadora.


  1. Manifestamos nossa escolha por uma educação e escola que procure formar a pessoa humana, em todas as suas potencialidades e identidades, buscando partir da realidade inalienável de cada ser, de modo a integrar todos os educandos nos mais elevados ideais éticos, cívico, culturais e políticos da humanidade.


  1. Num momento histórico aonde os valores de mercado afirmam-se como unilaterais, onde a corrida para a promoção de uma ciência e tecnologia sem parâmetros éticos, retomamos nossa convicção na formação para a cidadania universal, para a solidariedade, para o cuidado com a Terra e o zelo pela natureza e meio-ambiente, pela promoção da justiça social e prática da fraternidade humana.


  1. Diante da afirmação de uma economia globalizada sem freios ou limites, do engendramento de uma voraz e avassaladora máquina de produzir morte e violência para garantir bandeiras políticas em que se transformaram os estados e grupos políticos extremados, manifestamos nosso propósito de cultivar a educação para a paz, para a tolerância, para o diálogo, para a promoção da pluralidade cultural e política de todas as gentes, povos e nações.


  1. Destacamos nossa identificação com todo projeto social e político que busque superar a realidade difícil e injusta em que vive a grande maioria do povo brasileiro, herdeiros de uma tradição de exclusão, de exploração, de negação dos mais elementares direitos sociais, sobretudo no acesso à educação, e expressamos nossa intenção de promover uma educação que forma sujeitos históricos autônomos, críticos, esclarecidos, colocando o acesso à cultura e educação escolar como forma de humanização plena para a vivência das dimensões coletivas mais elevadas principalmente aquela que prepara para o trabalho criador e realizador.


  1. Escolhemos firmar o compromisso com a educação da criança para o pensar criativo, para a convivência solidária, para o respeito à alteridade, para a conquista da cultura e formação da pessoa emancipada, reflexiva, responsável e livre. Destacamos a convicção de que a formação filosófica na escola fundamental e média é o espaço do debate criativo, da apropriação pedagógica dos recursos da lógica, da aquisição subjetiva da linguagem e do pensamento criativo e investigativo, da produção da consciência curiosa e metódica na direção da formação para a plenitude da ação na escola e na sociedade. atual.


  1. Entendemos a sexualidade como a significação subjetiva e social inalienável da pessoa humana, a ser assumida como mediação para a felicidade, como expressão de nossa capacidade afetiva, amorosa e comunicativa, de viver e projetar ideais de comunhão, de trocas simbólicas, éticas e estéticas, para com a vida e a condição humana. A educação sexual que defendemos é aquela que busca superar o domínio operacional de técnicas reprodutivas ou de prevenção médico-biologista para tornar-se a construção de referências éticas e morais para as exigentes vivências do amor e da sexualidade responsável.


  1. Buscamos superar uma forma de pensar a sociedade, a cultura e a escola como determinações autoritárias, repressivas ou mediadas pelos valores do sucesso, da competição e da acumulação material. Optamos por uma concepção política democrática e pluralista, por uma concepção de conhecimento e saber que esteja a serviço da vida e da felicidade, por  uma filosofia e significação da sexualidade que almeje a emancipação e autonomia.


  1. Por fim, em todas as nossas utopias e proposituras, reflexões e críticas, debates e informações trocadas, conhecimentos e vivências nascidas da experiência rica e exigente do convívio coletivo e generoso neste II Congresso, onde comungamos esperanças e desafios, busquemos afirmar a cultura elaborada como matriz da humanização, o espaço da escola como lugar de formação para o agir consciente no mundo, de modo a anunciar a novidade institucional e histórica da cultura da emancipação e da pluralidade.


  1. Para tanto, reafirmamos nosso propósito de mantermos unidas as disposições para produzir mediações, para vivenciar a metáfora da ponte, a celebrar a beleza e originalidade da vida, a manifestar a cultura do diálogo, a constituir a ética da alteridade, a promover o pensamento que esclarece e sente, a constituir a educação que ama e, ao mesmo tempo, cultivar o amor que educa.


Florianópolis, 25 de Julho de 2003.


Carta-documento aprovada por unanimidade na sessão de encerramento do IIº Congresso Nacional.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Filosofar sim, para Viver melhor!



 Prof. Dr. Cesar Nunes

“A Filosofia anuncia a vida, a justiça, a alegria de pensar e de sentir, e nesse caminho da história o Centro de Filosofia Educação para o Pensar (Florianópolis/SC) fez seu próprio existir, seu Ser, como uma trincheira de humanização,como um horizonte de fraternidade e solidariedade para todas as pessoas”.

Prof. Dr. Cesar Nunes, queremos conhecê-lo. Conte aos leitores sobre alguns de seus sonhos, suas alegrias, realizações... 
 - Meu sonho é ver nosso País, que é tão belo pela sua natureza, pelos seus mares, suas montanhas, seu céu, suas terras férteis, suas florestas e seus rios, seus animais e suas flores, ser reconhecido também pela felicidade de seus habitantes, com todas as crianças nas escolas, com jovens cheios de vida e de esperanças, com pessoas sensíveis e justas buscando sempre a paz e a justiça, o bem-estar de todos e a sustentabilidade ambiental! Meu sonho é ver um Brasil socialmente mais justo e humanizado!

1. Qual é a “paixão” que sempre o motiva para ser Educador?
- Minha “paixão” é a educação. A tarefa de educar tomou minha vida e meu coração na minha juventude. Sigo fazendo da educação meu jeito de viver e de acreditar na vida. O educador está sempre motivado pelo brilho do olho de seus alunos, quando estes interessam-se pelos temas da educação, pelo sentido da vida, pela ética, pela justiça, pela preservação ambiental, pelo respeito aos mais velhos, pela dedicação a seus pais. O que motiva o educador é a vontade de fazer de seus estudantes pessoas melhores!

2. Muitas pessoas que passam em nossa vida servem de "modelo". Como deve agir o educador de sala de aula, nos dias atuais, para ser modelo para seus alunos?
- O educador precisa ter na sua alma as mesmas virtudes que deseja para o mundo: se ele quiser que as pessoas se respeitem, deve respeitar seus alunos; se ele quiser que as pessoas trabalhem em grupo, deve ele ser o primeiro a colocar no grupo seus anseios; se ele quiser que as pessoas pesquisem, deve ser um permanente pesquisador; se quiser que todos tenham confiança nele, deve confiar em seus alunos. O professor, o educador, é um esticador de horizontes. Os maiores vínculos que precisam ser constituídos na educação são o vínculo humano, o pertencimento ético e a prática de relações solidárias.

3. O senhor vê os professores hoje como pensadores dentro de uma práxis pedagógica (ação-reflexão-transformação)?
- Sim, os professores são pensadores, são o elo entre as gerações passadas e as gerações presentes, e desse modo são o penhor das relações futuras. Eu respeito muito os professores, pois estes são os fiadores da cultura humana, os mediadores das relações humanas, sociais, culturais, éticas, etc.. Os professores precisam muito entender que sua identidade maior consiste em humanizar as gerações mais novas. Hoje as tecnologias tornaram algumas tarefas de nossa vida muito mais fáceis, mas as maiores tarefas e desafios são aquelas de construir os sentidos humanos para nossa existência, as razões de viver, de amar, de trabalhar, de estudar, de conhecer e de preservar a natureza. Administrar as dimensões humanas é hoje a maior tarefa do educador, educar para a humanização, essa é a nossa práxis.

4. Professores assumem turmas com deficiências, com falta de espírito de equipe, sem comprometimentos com a transformação. Na sua opinião, quais são as origens desses problemas? 
- A educação e a escola no Brasil são instituições marcadas pelas mesmas estruturas da sociedade. Não pode haver uma separação nessa análise. Uma sociedade patriarcal, escravista, autoritária, que prevaleceu em 500 anos de nossa história cultural, produziu uma escola seletiva, meritocrática, excludente. Assim, nas fases anteriores de nossa sociedade, o professor foi destituído de sua identidade humanizadora, passou a ser um classificador de talentos para o mercado de trabalho, um estimulador dos primeiros lugares, um produtor de leões e falcões, deixando de lado a pluralidade e a diversidade humana. É preciso superar esta tradição: o professor deve olhar para cada aluno, para cada estudante, e respeitar a humanidade que há nele, seu jeito de ser, seu ritmo de aprender, suas formas próprias de expressar. As turmas não são assim tão deficientes. Se olharmos com olhos de compreensão humana, não é preciso fazer da escola uma corrida maluca para os primeiros lugares, não é uma competição. Escola é dádiva, não é cobrança, escola é acolhimento, respeito, espaço de ser! A origem dos grandes problemas da educação e da escola está na matriz política autoritária da cultura escolar e pedagógica. Uma outra matriz, humanista e emancipatória, deve superar essa tradição.

5. Crianças, Adolescentes e Jovens querem construir conhecimentos. Como o conhecimento está sendo trabalhado nas escolas?
- Conhecer é compreender os processos de todas as coisas que existem no mundo. E inventar outras coisas para o bem-estar de todos. Hoje o conhecimento é visto como ferramenta para o poder político e econômico, ou como mercadoria para se vender melhor no mercado de trabalho. Em última instância, se quer que as pessoas adquiram conhecimentos para ter um emprego melhor, ganhar mais, vencer na vida, etc.. Não discordo que tenhamos essas pretensões, mas não devemos reduzir toda a vida a isso. É preciso que o conhecimento sirva para tornar as pessoas mais humanas, mais acolhedoras, mais justas, mais felizes, mais comunicativas, mais dialógicas. Hoje o conhecimento está sempre trabalhado como instrumento de “competências e habilidades”, valores muito ligados ao ideário neoliberal. Eu prefiro que o conhecimento seja inspirado nas diretrizes éticas de “humanização e cidadania”.

6. Em muitas escolas, acontecem “pseudo-mudanças” (novas tecnologias, espaços redesenhados, mudanças curriculares...). O que precisa acontecer para esse espaço ser um lugar privilegiado de transformação pessoal e social?
- Há escolas que pensam com a cabeça do passado e acham que a educação ligada aos modelos arcaicos deve prevalecer. Há outras escolas que projetam a modernização tecnológica, material, predial, etc.. Em muitas escolas você entra na sala de matrículas e parece a NASA, mas ao entrar na sala de aula a pedagogia que ainda prevalece é da Idade Média, um professor ‘magistrocêntrico’, uma avaliação emulativa e uma finalidade disciplinadora (escola da obediência) na escola. Esse é um erro, uma contradição, uma escola será realmente nova, inovadora, transformadora, se for nova na atitude pedagógica, nas relações entre professores e alunos, entre os próprios docentes, com a comunidade de pais, relações humanizadas, de confiança, reciprocidade, autonomias e cooperação.

7. A escola é um local privilegiado para o desenvolvimento do conhecimento e da sensibilidade humana. O que fazer para que os educadores e educandos sejam autores de suas histórias?
- Eu entendo que a escola é uma instituição de humanização, isto é, de formação humana. Uma criança recebe de seus pais o amor e as características humanas basilares. E, na escola, deve receber e constituir as qualidades humanas sociais, coletivas, civilizatórias. Escola é lugar de se crescer como pessoa humana, para desenvolver todas as qualidades humanas, a linguagem, o pensamento, a socialibilidade, a comunicação, a ação conjunta, a cooperação, a ética. Celebrar juntos a beleza de existir! O que podemos fazer hoje é convencer aos pais, conscientizar aos educadores e sensibilizar as crianças e adolescentes dessa tarefa, fazer da vida uma alegre convivência, um encontro, um verdadeiro milagre!

8. Escolas públicas e particulares, em sua grande maioria, são movidas atualmente por avaliações (provinha Brasil, ENEM, concursos vestibulares...). O que é para você avaliar um aluno, um conhecimento?
- Avaliar para mim consiste em reconhecer e agregar valores. Neste sentido, eu acredito que a avaliação escolar, a avaliação de aprendizagem, deve estar submetida a um processo maior, a avaliação das relações e atitudes na escola. Aprender é existir, significa adquirir, assumir, a cada momento, novos saberes, conhecimentos, práticas. Toda criança, todo ser humano, aprende o tempo todo. Nascemos e aprendemos a vida inteira. Não existe criança ou pessoa que não aprenda. Se não conseguimos fazer de nossos processos escolares e curriculares projetos de aprendizagem, é porque perdemos a organicidade da relação com as crianças e os sujeitos ‘aprendentes’. Vivemos uma febre de avaliações e processos avaliativos, a maior parte deles sem sentido, baseados em acertos de conta, controle disciplinar, comportamental, concepções estanques de currículo, de ensino, de conhecimento. Eu acho que precisamos parar com essa indústria da avaliação na escola.

9. Está acontecendo a apropriação de conhecimentos filosóficos por crianças e jovens em escolas do nosso País. Isso pode mudar a perspectiva do conhecimento e da aprendizagem em sala de aula?
- A Filosofia é uma forma de pensar o mundo, pensar a vida, pensar as relações humanas carregadas de sentido, de questionamentos sinceros, de busca da verdade, de captação do que é essencial, e não daquilo que é supérfluo e passageiro. Vejo que a Filosofia nunca devia ter saído do currículo da escola. Sua suspensão ou retirada sempre aconteceu em períodos autoritários e excludentes. Hoje a Filosofia está presente nas escolas da Educação Básica. Para mim, isto é uma conquista e uma esperança. A Filosofia, através de seus conteúdos e de seu exercício metódico, é um caminho para compreender a vida, a felicidade, o diálogo, a sustentabilidade, a justiça. Filosofar é constituir sentido para a existência. Eu acredito que a presença, orgânica e verdadeira, da Filosofia no currículo escolar pode ampliar a perspectiva de humanização e de formação para a cidadania da Escola.

10. Um incentivo para os alunos (da Ed. Infantil ao EM) que, em todo o País, têm em suas escolas oportunidades de aprender a filosofar, a pensar por si mesmos, a construir Comunidades de Aprendizagem Investigativa.
- Busquem a Filosofia como se busca o ar, como se busca a água. Pois a Filosofia guarda a alma da humanidade, seus tesouros condensam o que a humanidade pensou de mais sublime, de mais justo e igualitário para sua vida. Procurem na Filosofia a imagem do tempo, que é o espaço para você ser feliz, ser você mesmo, construir seu caráter e sua identidade. Faça da filosofia um convite ao pensamento original, para não ser manipulado por ninguém. Aprendam na filosofia a ter seus pensamentos próprios, a falar por si mesmos, a valorizar suas vidas e respeitar as vidas dos semelhantes, e todas as formas de vida! Estudem a filosofia, ela trará consolo e motivação nas horas de dificuldades, ela fará brilhar as esperanças e dará condições para lutar contra todas as ditaduras, sobretudo das tecnologias sem sentido, do consumismo, do hedonismo e da violência, do preconceito e da competição. A filosofia nos convida a sermos seres humanos melhores!

11. Como educador, intelectual orgânico e sempre comprometido com a formação de educadores, deixe uma mensagem aos leitores e participantes do Centro de Filosofia Educação para o Pensar, que se prepara para os 25 anos de existência.
- Eu conheci o Centro de Filosofia Educação para o Pensar desde o seu início. E sempre admirei a luta e a dedicação de seus idealizadores e gestores, de seus professores, de todos os seus colaboradores e agentes. Eu mesmo estive presente em tantos encontros de formação, congressos internacionais, visitas a escolas, conversas com educadores, com os alunos, com suas produções, etc.. Parabéns ao Centro de Filosofia Educação para o Pensar! Nesses 25 anos, muitas pessoas tomaram contato com suas mensagens, seus projetos, seus textos, suas edições e jornadas! Bateu sempre o coração autêntico de uma comunidade de educadores, movidos pelo ideal de Sócrates, Platão e Aristóteles, e de tantos outros e outras, como Hanna Arendt, de fazer da vida um encontro, uma festa, um caminho para a felicidade, uma denúncia da violência, da banalidade da vida, da repressão e do autoritarismo. A Filosofia anuncia a vida, a justiça, a alegria de pensar e de sentir, e nesse caminho da história o Centro de Filosofia Educação para o Pensar fez seu próprio existir, seu Ser, como uma trincheira de humanização, como um horizonte de fraternidade e solidariedade para todas as pessoas!

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Prof. Dr. Cesar Nunes é licenciado em Filosofia, História e Pedagogia. Foi professor da Educação Básica e Coordenador Pedagógico em Escolas da Educação Fundamental e Média. Concluiu o Mestrado em Filosofia da Educação, defendeu o Doutorado em Filosofia e História da Educação em 1996, apresentou sua tese de livre-docência na área de Filosofia (ÉTICA) em 2006. Atualmente é professor titular da Faculdade de Educação da UNICAMP. É o vice-chefe do Departamento de Filosofia e História da Educação daquela unidade e o coordenador executivo do Grupo de Estudos e Pesquisas PAIDÉIA. Orientou 43 dissertações de mestrado e 19 teses de doutorado. Escreveu 26 livros sobre Ética, Filosofia, Educação e Sexualidade, além de dezenas de artigos científicos em revistas especializadas. É um dos mais destacados palestrantes e conferencista em Educação no Brasil.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

De medo e de pânico

“O pensamento é uma força e a palavra tem poder. O que a mente produz, o universo realiza e o que verbalizamos tem capacidade de se cumprir. Por isso, é preciso exercer vigilância firme e permanente sobre o que pensamos e o que dizemos”.(Vera Pinheiro)
            Moacyr Scliar, sempre talentoso em suas crônicas, abordou de forma sábia e eloqüente a situação duvidosa que paira sobre o contágio e a proliferação do vírus H1N1, sobre a também chamada gripe A (ZH, 28/07/09). Scliar destacou a importância de falarmos sobre esta epidemia como forma de construir conhecimento e discernimento para as nossas ações de prevenção e enfrentamento a esta nova epidemia. Mas, o que mais poderá nos ajudar para superarmos nossas angústias e medos com relação a este vírus?
            Como seres em relação, torna-se imprescindível nossa linguagem. Como nunca antes visto, falamos da prevenção como a melhor forma de enfrentarmos nosso tão rigoroso inverno, e não contrairmos nenhuma gripe. Mas se é verdadeira a afirmação de que a gripe comum mata tanto quanto a nova gripe, porque as autoridades médicas e políticas não se posicionaram de forma mais contundente frente à mesma? Não seria o caso da mesma ser tratada com mais intensidade e seriedade?
            O medo tem a função de medir e mediar as conseqüências de nossas atitudes. Através dele, vamos criando as noções de perigo e de limite que delimitarão nossas vidas. O pânico, por sua vez, geralmente nos leva para a inação ou para ações precipitadas ou desesperadas. Este carece de racionalidade, é levado pelos nossos impulsos, e gera situações de grande insegurança.
São tênues as diferenças entre medo e pânico. Mas é aí que podemos nos valer da expressão dos gregos: “é preciso pensar bem, para viver melhor”. É bem verdade, Scliar, quanto mais pensamos sobre as situações de nossa vida, maiores são as possibilidades de encaminharmos soluções compatíveis com a nossa realidade, também agora com o advento do novo vírus.
O que não corrobora para a compreensão e discernimento do problema é o desencontro e o conflito de informações. Acreditando no poder da prevenção, porque é que nem todos, de forma cabal, aceitam a idéia de que é preciso evitar aglomerações, por exemplo? É verdade que todos deverão passar por esta gripe? É notório que os sistemas de saúde, pública e privada, não estavam preparados para esta nova epidemia. Que medidas concretas estão sendo adotadas para que as estruturas hospitalares e a internação, junto com o remédio, estejam disponíveis no momento que qualquer um de nós precisar acessá-los? Quando estas e outras perguntas estiverem respondidas, com certeza, continuaremos com medo da nova gripe, mas não teremos mais pavor para enfrentá-la.
O que deve nos contagiar é o espírito de cooperação, seja na esfera pessoal, coletiva ou institucional. O que for bom para todo mundo, que seja amplamente divulgado e disseminado a todos. O que aumentar nosso medo e pânico, que seja tratado nas esferas do estudo, pesquisa e análise, nos ambientes próprios da medicina e da política. Afinal, as dúvidas servem para nos estimular novos conhecimentos. Nossas certezas servem para nos propiciar condições de “bem viver” e conviver.
Nei Alberto Pies, professor.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O PREÇO DA MALDADE

Aluna: Amanda Kraus

“O homem é bom por natureza, a sociedade é que o estraga”. (Jean-Jacques Rousseau)
Saber do que as pessoas são capazes de fazer, nos da certo tipo de medo. Todos nós nascemos com o bem e o mal dentro de nós, e agredir outras pessoas, verbalmente ou fisicamente, é uma opção. E foi justamente isso que vi na reportagem: um grupo de adolescentes e adultos optou por matar um garoto espancando-o sem que ele pudesse se defender. Eles escolheram matar um colega por um motivo banal: não quis fazer parte de uma gangue e a tal o linchou até a morte. Muitas outras pessoas viram a cena, mais nem se preocuparam em ajudar o garoto. 
Penso que as pessoas que praticam esse ato, sentem-se poderosos, acham que estão acima de tudo e de todos. Não podemos ter opinião, e nem reação, pois as coisas podem piorar. Muitas vezes não basta entregarmos a bolsa ou a carteira, deixamos a nossa vida nas mãos deles, somos como simples objetos do ódio e do orgulho.
Segundo o professor Jorge Vieira “Hoje, as pessoas estão perdidas no individualismo e no egoísmo, perderam o respeito e o sentido com os outros”.
A maldade pode ser muito cruel e infelicita não só os que a praticam, mas também aqueles que, embora não queiram ser maldosos, dão grande importância à maldade alheia, magoando-se, tornando-se vulneráveis diante das energias ruins. Quem agride a natureza, destruindo pessoas, animais, depredando os bens que por direito natural pertencem a todos, está agindo contra a vida, sendo maldoso e, certamente, pagará caro por isso.
Às vezes podemos dizer que foi falta de sorte. Mais na verdade, o que falta mesmo é segurança nas ruas; melhor estrutura policial; melhores condições de trabalho e educação. Deveria acabar com a prisão domiciliar; construir mais presídios com boa segurança; punir igualmente a todos sem distinção de classe social, idade, cor, escolaridade, ou outra característica por seus crimes.
“A violência e a maldade das pessoas com quem temos de conviver são complicadas. Não posso protegê-los de tudo e assim, como toda mãe, rezo sempre.” (Daniela M.).
Hoje, saímos de nossas casas com a incerteza se voltaremos para elas. A partir do momento que colocamos os pés na rua, estamos correndo qualquer tipo de risco. Muitas vezes, até dentro de nossa própria casa estamos correndo risco, hoje às pessoas são tão ousadas que nem se intimidam, pois sabem que ninguém fará nada. Nós, moradores de Leoberto Leal/SC, podemos dizer que vivemos no “paraíso”, pois aqui não acontece nem metade do que acontece nas grandes cidades.
Mas quando essa violência desmedida vai acabar? Especialistas apontam várias causas para o problema e dizem: esse tipo de violência não tem prazo para ter fim!
Amanda Kraus - 3º ano do EM – Noturno.