quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Das crianças para os adultos ou O Retorno à escola


O medo tem alguma utilidade, a covardia, não”. (Mahatma Gandhi)

As crianças produzem as mais puras obras da sensibilidade humana e nos orgulham com seus ingênuos e inocentes encantos. Crianças, adolescentes e jovens facilmente percebem quando um professor ou professora lhes oferece sabedoria, recheada de amor e dignidade. Sabem também reconhecer, como reconhecem seus pais, que professores trabalham duro e não são reconhecidos e nem estimulados a realizarem-se, com dignidade, no seu ofício de ensinar. Deles, somente deles, os professores recebem flores e presentes, em forma de agradecimento e reconhecimento por tudo que fazem por eles.
A sensibilidade é própria daqueles que estão de bem com a vida e se envolvem numa catarse de movimentos que geram boas percepções de vida, de ser humano e de beleza, daqueles que tem olhos para ver, ouvidos para ouvir e boca para falar, serenamente. Por sua vez, quando reina a insensibilidade, esta gera auto-suficiência, arrogância e rancor, qualidades que não cativam e não agregam ninguém.
Oferecemos, todos os dias, o melhor do que somos, por amor às nossas crianças. Ofertamos a elas luzes de esperança, forjadas na cotidiana luta de superação pessoal e profissional. Se os adolescentes sonham em transformar o mundo, mostramos a eles caminhos de saudável rebeldia, arrebatadora de causas, sonhos e desejos que move a cada um e cada uma. Se jovens e adultos acreditam no poder do conhecimento, os estimulamos a fazerem suas buscas na vida pessoal e profissional, através de seus estudos.
Sensibilidades afetivas, sociais e políticas constituem um legado daqueles que escolheram ser professor ou professora. Por obra desta paixão, fazem-se compreensivos com os outros, e sofredores com eles, crentes que cada ser humano possui as mais ricas e únicas possibilidades de superar-se. Como na educação, também na política, só deveriam atuar aqueles que, acima de vaidades e interesses, sejam capazes de agregar-se na crença de que todo ser humano é capaz de superar-se em todos os seus contextos, singularidades e peculiaridades. Para isto serve a política e a educação: propiciar instrumentos às pessoas para sua liberdade e sua emancipação.
Daqueles que assumem posições de poder, espera-se que sejam abertos ao diálogo, mesmo que na dureza das críticas dos outros. Que se interessem pela coletividade, sem desfazer-se de suas motivações e convicções políticas. Que saibam avançar nas proposições, mas também recuar quando se faz necessário. Que desenvolvam habilidades capazes de justificar as intenções que desejam concretizadas na coletividade.
“Quem luta, também educa”. Quem ama, também educa. Quem não se acovarda de sua consciência, ganha mais vida na dignidade, justamente por assumir-se como é. Quem educa segue acreditando que educação não é um fim, mas meio para estimular os mais loucos desejos do ser humano: a felicidade. E não aceita o discurso desvairado que nos acusa de “torturar” nossas amadas crianças.

Nei Alberto Pies, professor e ativista em direitos humanos.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

REINICIO DAS AULAS: UM NOVO COMEÇO


Prof Luiz Carlos Kons
Assessor Filosófico-Pedagógico S.E.R.

Neste início de ano, somos convidados a fazer algumas reflexões com nossos alunos acerca de algumas questões que se fazem necessárias para que possamos ter melhores resultados ao longo do ano letivo. De inicio, precisamos traçar algumas metas, levando em consideração algumas experiências vivenciadas no ano anterior que podem ser revisitadas para um melhor aproveitamento do ano que se inicia. Para isto, sugiro algumas questões: Quais são os objetivos que temos a alcançar? Como vamos organizar nosso tempo de estudos? Com qual motivação iniciamos este ano? Levando em consideração anos anteriores, quais as barreiras que precisamos ultrapassar? Que erros, precisamos corrigir? Quais os ganhos, conquistas que tivemos? E, que avanços, vamos nos propor alcançar? Precisamos ler mais? Ficar mais atentos as aulas? Caprichar mais nos estudos, nos trabalhos? Equacionar melhor o tempo? Aprofundar o nível de interesse? Reavaliar o interesse por disciplinas que temos mais dificuldade? Definir prioridades?
Pensando em tudo isto, sabemos que muitos alunos apresentam dificuldades de aprendizado, problemas que podem ser de ordem cognitiva ou não, já que muitas vezes as dificuldades em aprender podem estar relacionadas a outros problemas, talvez psicológicos, emocionais, de integração com colegas novatos, ou a um sistema diferente de critério de estudo, de avaliações, de exigências da nova escola. Certamente muitos estão se perguntando, de que forma podemos abordar estas questões para evitar tensão ou desestímulo nos estudantes? Uma abordagem interessante é fazer os alunos acreditarem em si mesmos, no seu potencial e que, mesmo que o ano anterior não tenha sido bom, um novo ano se inicia, e com ele uma nova oportunidade de fazer tudo novo. Fazê-los acreditar que são capazes, que melhorar é possível, que, com um pouco mais de garra e força de vontade, pode-se conseguir resultados muito superiores aos já alcançados. Para que isto aconteça, se faz necessário, desde o inicio do ano, organizar o tempo já que, quando deixamos para estudar depois, as coisas se complicam.
Para que os alunos consigam esta organização e, com isto, maior êxito em seus estudos, sugere-se algumas dicas para melhor administrar seus deveres escolares e seu tempo de estudo em geral:
  • Tomada de decisão - Após a confrontação dos pontos positivos e negativos no ano anterior, procure tomar uma decisão pessoal e assuma a responsabilidade pelos seus estudos; comprometa-se em se aperfeiçoar e tenha consciência que isto é um processo gradativo.
  • Não dispense ajuda - Analisando com cuidado verá que a contribuição de outras pessoas poderá lhe ajudar muito ao longo deste processo. Talvez seja necessário ter uma conversa franca com seus familiares, com a Coordenação Pedagógica da escola, com algum professor, com seu colega mais próximo; quem sabe isto não abrirá novos caminhos para você, pois, lembre-se, todas estas pessoas são suas aliadas neste processo.
  • Organize-se - Um fator muito importante é a organização, pois, além de otimizar seu tempo, você fará um planejamento que dará ênfase a prioridades e poderá estabelecer metas. Desta forma, os horários mais adequados para os estudos devem ser considerados de acordo com o rendimento de cada pessoa, faz-se necessário identificar o seu. Não se esqueça que é necessário um tempo maior para as disciplinas com as quais tem maior dificuldade.
  • Não fique sobrecarregado de atividades - quando fizer o planejamento diário e semanal, deve ter clareza do que é possível fazer, para não se frustrar. Por isso, é necessário ter bem claro quais são suas prioridades.
  • Faça algumas pausas – Não é produtivo ficar muito tempo seguido na mesma atividade. Por isto sugere-se que faça algumas pausas e nelas pode aproveitar para fazer algum exercício físico, além de ser uma forma de distração, ajuda você a recarregar as energias. No entanto, deve haver um equilíbrio das atividades físicas com as intelectuais. Para isto, uma idéia é que destine duas horas por dia para elas, contanto que tenha consciência da hora de voltar aos livros.
  • O lazer também é importante - É também de suma importância a necessidade do lazer e dos momentos propícios ao relacionamento afetivo no processo do aprendizado e, seus efeitos são observados nos campos físico, social, intelectual, emocional, moral, espiritual...
  • A Sociedade do amanhã se constrói hoje - Por fim, lembre-se, você está se formando para a vida, para a diversidade de contextos. Cada um de vocês está inserido numa caminhada ininterrupta de aprendizagem, e isto implica esforço, dedicação sistemática, dispêndio de energia, busca incessante de novos conhecimentos, voltados ao alcance dos seus objetivos, visando uma renovação constante. Vocês, crianças, adolescentes e jovens, são o futuro da sociedade e, tem muito a contribuir na construção de uma sociedade melhor, desde que, bem cedo, tomem consciência de que são construtores do conhecimento tanto individual quanto coletivo.
Aos professores um bom ano de trabalho, com muito êxito na arte de ensinar. E aos estudantes, acreditem em si, e bons estudos.
Abraço fraterno.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A dimensão social da filosofia

Rita Márcia Magalhães Furtado




    quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

    Por uma Educação Estética

    Jéferson Dantas 1

     











    Num mundo cada dia mais embrutecido, onde as relações humanas estão coisificadas, a educação estética pode servir de alento no sentido de dar visibilidade às diversidades sociais. O ensino formal brasileiro, via de regra, tem se mostrado ineficiente na formação de estudantes que apresentam diferentes formas de aprender e de se expressar. Um currículo engessado, essencialmente disciplinar, eurocêntrico, onde os educadores exercem uma prática pedagógica notadamente focada em sua área de conhecimento, não tem possibilitado um diálogo mais horizontal e, portanto, menos excludente, entre educadores e educandos.
     
    Para a educadora Graciela Ormezzano, a educação estética procura priorizar a imaginação, o lúdico e “o amplo espectro da estética do cotidiano que considera o design, a arquitetura, o artesanato, a música popular, a comunicação audiovisual e a arte da rua, assim como todos os estilos de sociabilidade”. Nesta direção, a estreiteza curricular do ensino formal, esmagada por uma avaliação certificativa e que atende, sobretudo, parâmetros burocráticos, as subjetividades são anuladas e descartadas do universo escolar. Tal análise torna-se ainda mais dramática no ensino formal noturno, onde é comum salas de aula esvaziadas, professores desmotivados e estudantes desmobilizados na relação com os diferentes saberes. A situação em tela, todavia, é muito mais complexa, pois exige formação continuada de qualidade aos educadores e a ressignificação do espaço-tempo no ambiente institucional de ensino, ainda bastante contaminado pela “lógica da fábrica” (padronização das tarefas escolares, temáticas estanques e controle da ‘produção’).

    A educação estética está longe de ser a panaceia para todos os males educacionais brasileiros. Entretanto, a arte pode minimizar as variadas ‘carências’ afetivas e cognitivas de crianças e jovens em situação de risco social; ressocializar adolescentes marginalizados por um modelo econômico pautado na competitividade e no consumo exacerbado; recuperar a auto-estima de jovens mulheres violentadas; enfim, fazer da educação estética uma possibilidade de ressignificação da vida. Afinal, ninguém nasce bandido ou santo, como bem assinalam os educadores Pablo Gentili e Chico Alencar. Assim, continua sendo o objetivo maior da educação formal pública brasileira e de todo ato educativo ‘humanizar os homens’, como bem nos alertava a filósofa Hannah Arendt e o educador popular Paulo Freire. 
    Chico Alencar. 
     
    Assim, continua sendo o objetivo maior da educação formal pública brasileira e de todo ato educativo ‘humanizar os homens’, como bem nos alertava a filósofa Hannah Arendt e o educador popular Paulo Freire.
     

    1 Historiador e Doutorando em Educação (UFSC). Pesquisador e articulador da formação continuada das escolas associadas à Comissão de Educação do Fórum do Maciço do Morro da Cruz, Florianópolis/SC. E-mail: clioinsone@gmail.com