quinta-feira, 13 de maio de 2010

Somar - viver melhor.

A filosofia é sempre uma atividade perigosa, porque nos instiga a pensar.
          "Pensar bem, para viver melhor", era desejo dos gregos. Para alcançar o real desenvolvimento humano, recomendavam a sabedoria, a coragem, a temperança e a justiça. Na Grécia Antiga competia-se em tudo, sobretudo no campo das idéias e dos destinos da cidade (polis), tendo em vista ser cidadão (capaz de governar e ser governado). Neste sentido, herdamos o desafio de formarmos seres humanos preparados para viver a vida e a cidadania.


          Como viver? é uma das perguntas mais importantes a serem respondidas nos dias atuais. Se “é preciso saber viver”, as formas de construir nossa vida sempre passam ou pelo individualismo ou pela coletividade. A sabedoria de nosso poeta maior Gonzaguinha revela que aspiramos por humanidade, construída por várias e distintas mãos, e que somos marcados uns pelos outros. Disse o poeta: “e aprendi que se depende sempre, de tanta, muita, diferente gente. Toda pessoa sempre é as marcas das lições diárias de outras tantas pessoas. E é tão bonito quando a gente entende que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá. E é tão bonito quando a gente entende que nunca está sozinho, por mais que pense estar”.


          A tarefa de construir-se sujeito no mundo e sujeito do mundo não é uma responsabilidade reservada a cada um individualmente, mas enseja o modo de ser, pensar e agir no mundo, a partir da coletividade. Esta, por sua vez, deve permitir a construção de uma cidade justa, solidária, que contemple as nossas diferenças. 


          A maior riqueza da humanidade está nas diferenças culturais, que traduzem o modo de ser, pensar e agir de cada ser humano e de todos os povos. Reconhecer estas diferenças enriquece nosso conceito de humanidade. Somos diferentes nas potencialidades, nos modos de vida e nos pensamentos. As potencialidades humanas requerem reconhecimento social, seja pelos méritos pessoais ou méritos coletivos. Por isto que justiça não pode supor relações subalternas, mas o tratamento da igualdade a partir das diferenças.


          Em 2010, ocorre a terceira Olimpíada Filosófica do Rio Grande do Sul, na PUC-RS, em Porto Alegre, com o tema É preciso saber viver? O que precisamos saber para cuidar da vida? Se ninguém pode dar aquilo que não tem, todos nós somamos talentos e possibilidades para tornar nossa vida a melhor possível, respeitando os limites da gente e os limites dos outros.


          O formato das olimpíadas filosóficas pressupõe o diálogo sobre as possibilidades de uma vida mais justa, feita através da liberdade, e considerando a possibilidade da felicidade de todos e todas. As olimpíadas permitem transformar a rebeldia saudável dos jovens em atitudes cidadãs, a partir do conhecimento gerado pelo reconhecimento das idéias de todos. O convite que se faz aos jovens estudantes é que se superem a si mesmos, com novas formas de agir e pensar, num espírito de cooperação e amizade. Se a filosofia é arte de pensar, os jovens aproveitam suas idéias e seus pensamentos para conquistar novas amizades e novas percepções de vida e de mundo. A humanidade se faz em movimento, de pessoas e de idéias.




Nei Alberto Pies, professor e ativista em direitos humanos.

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