quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Por uma Educação Estética

Jéferson Dantas 1

 











Num mundo cada dia mais embrutecido, onde as relações humanas estão coisificadas, a educação estética pode servir de alento no sentido de dar visibilidade às diversidades sociais. O ensino formal brasileiro, via de regra, tem se mostrado ineficiente na formação de estudantes que apresentam diferentes formas de aprender e de se expressar. Um currículo engessado, essencialmente disciplinar, eurocêntrico, onde os educadores exercem uma prática pedagógica notadamente focada em sua área de conhecimento, não tem possibilitado um diálogo mais horizontal e, portanto, menos excludente, entre educadores e educandos.
 
Para a educadora Graciela Ormezzano, a educação estética procura priorizar a imaginação, o lúdico e “o amplo espectro da estética do cotidiano que considera o design, a arquitetura, o artesanato, a música popular, a comunicação audiovisual e a arte da rua, assim como todos os estilos de sociabilidade”. Nesta direção, a estreiteza curricular do ensino formal, esmagada por uma avaliação certificativa e que atende, sobretudo, parâmetros burocráticos, as subjetividades são anuladas e descartadas do universo escolar. Tal análise torna-se ainda mais dramática no ensino formal noturno, onde é comum salas de aula esvaziadas, professores desmotivados e estudantes desmobilizados na relação com os diferentes saberes. A situação em tela, todavia, é muito mais complexa, pois exige formação continuada de qualidade aos educadores e a ressignificação do espaço-tempo no ambiente institucional de ensino, ainda bastante contaminado pela “lógica da fábrica” (padronização das tarefas escolares, temáticas estanques e controle da ‘produção’).

A educação estética está longe de ser a panaceia para todos os males educacionais brasileiros. Entretanto, a arte pode minimizar as variadas ‘carências’ afetivas e cognitivas de crianças e jovens em situação de risco social; ressocializar adolescentes marginalizados por um modelo econômico pautado na competitividade e no consumo exacerbado; recuperar a auto-estima de jovens mulheres violentadas; enfim, fazer da educação estética uma possibilidade de ressignificação da vida. Afinal, ninguém nasce bandido ou santo, como bem assinalam os educadores Pablo Gentili e Chico Alencar. Assim, continua sendo o objetivo maior da educação formal pública brasileira e de todo ato educativo ‘humanizar os homens’, como bem nos alertava a filósofa Hannah Arendt e o educador popular Paulo Freire. 
Chico Alencar. 
 
Assim, continua sendo o objetivo maior da educação formal pública brasileira e de todo ato educativo ‘humanizar os homens’, como bem nos alertava a filósofa Hannah Arendt e o educador popular Paulo Freire.
 

1 Historiador e Doutorando em Educação (UFSC). Pesquisador e articulador da formação continuada das escolas associadas à Comissão de Educação do Fórum do Maciço do Morro da Cruz, Florianópolis/SC. E-mail: clioinsone@gmail.com

4 comentários:

  1. muito oportuno ter veiculado esta reflexão no período de planejamento anula das escolas. Pois acredito que é possivel incluir a estética nas atrividaes escolares porque se a atuação em sala mudar os parametros gtovernamentais terão que seguir os novos ditames para uma educaçào de qualidade

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  2. Falar em educação ée falar em humanizar homens como diz os autores acima. Estamos vivendo momentos de terror em sala de aula, sabemos q a educação vai de mal a pior. É notório perceber q os alunos em que os pais dão uma educação diferenciada chegam a nossa escola facilitando o nosso trabalho e aqueles em q n há uma educação de casa estão causando sérios problemas.
    Dessa forma cabe a nós educadores saber lhe dá com cada aluno e sua singularidade para q possamos humanizá-los sem distinção de cor, raça, religião e at´e mesmo classe social. Devemos oportunizá-los dando uma educação de qualidade aos nossos educando

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  3. Faço com meus alunos no final do fundamental II essas e outras reflexões sobre Estética e política por meio do livro "Somos Filhos da Pólis: uma investigação política e estética" que já está na sua 15ª edição. Excelente suas colocações e chamada de atenção para o lado sensível do ser humano.

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  4. Gostei da reflexão e concordo plenamente, pois como Arte Educadora sei que o sistema escolar brasileiro privilegia áreas com Português e Matemática,não valorizando a Arte e que é responsável pelo desenvolvimento do ser estético. Não bastasse ainda,colegas educadores olham com desprezo e preconceito para as atividades artísticas e não aceitam com tranquilidade trabalhos interdisciplinares que incluem a arte. Pois a arte traz o prazer e motivação em tempos que a escola tornou-se o lugar mais enfadonho que se possa ficar durante quatro horas do dia!!!
    Abraços
    Adriana

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