quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Uma dose de filosofia na saga “Crepúsculo”


Prof. Jackislandy Meira de M. Silva

Um triângulo amoroso, que arrancou suspiros na famosa saga “Crepúsculo”, desenrolando-se em mais duas fases “Lua Nova” e “Eclipse”, vem agora atraindo multidões do mundo inteiro para as próximas revelações que darão rumo ao futuro de Bella nas telas de cinema. Revelações estas, claro, para quem ainda não leu a última parte dessa saga, “Amanhecer”.

Um vampiro, uma humana e um lobo. Três naturezas diferentes. Três ordens de pensamentos diversos. Três mundos muito distantes, mas que se aproximam e se encontram pelo amor. Um amor que altera a ordem das coisas e para o qual não há regras. Três visões de mundo completamente diferentes. Poderíamos dizer: Três filosofias. Edward demole a figura clássica de um vampiro feio, exótico e insociável e constrói a figura de um vampiro belo, bom e amável. Mesmo carregando a imortalidade na pele fria, Edward aparenta ser bastante reservado aos humanos, sem presas afiadas e sem ostentar maldade. Não manisfesta qualquer atitude suspeita de que, afinal, é um vampiro, pois Bella só soube que Edward era um vampiro depois de o conhecer. O comportamento de aproximação e distanciamento que havia na amizade entre os dois levou Bella a desconfiar de que se tratava de alguém muito diferente. No entanto, já era tarde demais, os dois já estavam envolvidos.

Nesse movimento curioso de aparecimento e desaparecimento de Edward, alguém muito especial entra na vida de Bella, Jacob. De visão aguçada, audição potente, olfato incomparável e demais sentidos tão próprios a um lobo; comprometido com sua alcateia, fiel aos tratos feitos no passado com os vampiros “cullen” de que nem lobos e nem vampiros poderiam ameaçar os humanos, Jacob não tinha medo de manifestar o seu amor por Bella, muito menos de desafiar os “cullen” para conseguir este tão maravilhoso amor. Ao contrário de Edward, Jacob era moreno, quente e cheio de vida, não de morte. Jacob cheirava à vida, não à morte. Embora muito bonito, esbelto e galã, Edward era pálido e temia a si mesmo por causa do sangue dos humanos. Sua natureza gostava de sangue. Talvez, por isso, se entenda o motivo dos desaparecimentos de Edward de quando em vez. Se a contradição que existia entre o ser vampiro de Edward e a humanidade de Bella era uma ameaça para a realização deste amor; a natureza de lobo de Jacob e a de Bella não implicava em tanto. 

Com quem, de fato, Bella vai ficar? Isso todos nós já sabemos. Edward, de acordo com a última parte da saga “Amanhecer”, é o dono de seu coração, porém Jacob tenta mudar esse destino. Jacob se arrisca por isso. Não desiste de Bella, está sempre em sua companhia, principalmente nos impasses entre ela e Edward. Jacob luta por ela, tenta beijá-la, mas ela reluta, até que quase ao final de “Eclipse” tudo ocorre por atração, desejo e naturalmente:
- “Pode me beijar, Jacob?
- Está blefando.
- Beije-me, Jacob. Beije-me e depois volte.(...)
E então, com clareza, senti a fissura em meu coração se estilhaçar como a menor parte que se separava do todo. Os lábios de Jacob ainda estavam nos meus. Abri os olhos e ele me fitava, admirado e exaltado.
- Tenho de ir – sussurrou ele.
- Não. - Ele sorriu satisfeito com minha resposta.
- Não vou demorar – prometeu ele. - Mas primeiro uma coisa...
Ele me beijou de novo, e não havia mais motivos para resistir. Que sentido teria?
Dessa vez foi diferente. As mãos dele eram suaves em meu rosto e seus lábios quentes eram gentis, inesperadamente hesitantes. Foi breve e muito, muito doce”(pág. 377-378)

O amor de Bella por Edward e vice-versa é a fonte de inspiração de toda a trama, mas Jacob entra em cena sempre que a dúvida toma conta da cabeça dos dois. A dúvida de Edward aparece quando se dá conta da sua natureza de vampiro. Condenado à imortalidade e ao frio, ao sangue, ao mesmo tempo que a amava se sentia uma ameaça para ela. Por outro lado, não querendo condená-la a perder a sua alma, se ausentava de sua presença. Aí, abre-se um espaço, para o lobo, Jacob. Vampiros e lobos são inimigos por natureza, mas que se uniam por um amor, Bella. 

Vejam que estranho e ao mesmo tempo admirável: Os três tinham todas as razões, todos os motivos para se odiarem e se evitarem o tempo todo, mas uma linda e fantástica história de amor os envolviam em ambientes peculiares com interesses comuns e únicos. As três vidas estavam como que comprometidas em torno de um nome, de um sentido, de uma força extraordinária, amor. Um amor que é mais forte do que a morte e do que a imortalidade. Em toda a saga, diga-se de passagem, a morte é apenas um detalhe. Não sem razão, a autora da saga, Stephenie Meyer, escreve de próprio punho no prólogo de “Amanhecer” que está agora nos cinemas: “Pode-se correr de alguém de que se tenha medo; pode-se tentar lutar com alguém que se odeie. Todas as minhas reações eram preparadas para aqueles tipos de assassinos, os monstros, os inimigos. Mas quando se ama aquele que vai matá-la, não restam alternativas. Como se pode correr, como se pode lutar, quando essa atitude magoaria o amado? Se a vida é tudo o que você tem para dar ao amado, como não dá-la? Quando ele é alguém que você ama de verdade”(pág. 13). 

O mais interessante é que, por esse amor, ambos são capazes de não serem capazes, ambos são dotados de um poder que ultrapassa a barreira do tempo e do espaço. Jacob também a ama tanto quanto Edward. Bella ama misteriosamente os dois, só que ama mais a Edward. Queiramos ou não, na minha opinião, os três são merecedores desse amor, porém, nem um dos três consegue conter ou dominar esse amor, uma vez que em toda a história o amor é soberano.

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