quinta-feira, 10 de março de 2016

A importância da mediação do Professor Reflexivo na COM.A.I.



A importância da mediação do 
Professor Reflexivo na COM.A.I.

*Prof. Geverson Luz Godoy

É arriscada a afirmação de que receitas prontas são infalíveis, no entanto, é possível afirmar que com a experiência comprovou-se que algumas posturas assumidas pelos docentes na COM.A.I. – Comunidade de Aprendizagem Investigativa, é mais provável uma ação pedagógica de excelência, ou seja, o alcance da aprendizagem.

O conhecimento já foi concebido em outros momentos históricos de forma isolada, acabado, único, fechado, onde o professor é o portador do conhecimento e o aluno é o que apenas aprende.  Passado algum tempo, com a perspectiva holística de pensadores idealistas, humanistas, com um olhar histórico crítico, hoje compreendemos a educação de outra forma.

Na perspectiva do CENFEP – Centro de Filosofia Educação para o Pensar -  compreende-se o conhecimento como algo situado, ilimitado, possibilitado pelas circunstancias, é falível e incerto. Portanto, se compreende que o ensino não garante a aprendizagem, no entanto não há significado existir o ensino, caso este não a alcance, pois o ensino seria estéril e inútil sem a aprendizagem.

Por este motivo é que no século do conhecimento, tem-se acreditado que é necessário ‘ressignificar’ a unidade entre ensino e aprendizagem, principalmente de forma inclusiva, eliminando qualquer que seja a segregação.

Para isto, na maioria das vezes é necessário desconstruir, desnudar o obvio, desorganizar o que já parece pronto, desconstruir. Neste processo de transformação todos são corresponsáveis pela construção do conhecimento, portanto, todos possuem parte no crescimento. Nesta modalidade o foco do conhecimento não se restringe no professor. O sujeito do conhecimento é todo aquele que busca o conhecer, seja ele o professor ou o aluno dentro da COM.A.I. - Comunidade de Aprendizagem Investigativa. O conhecimento é construído de forma cooperativa, compartilhada através da pesquisa, investigação e do diálogo

Dentro do Programa Educação para o Pensar: Filosofia com crianças, adolescentes e jovens, este processo está fundamentado em uma metodologia sócio-histórico-cooperativa, este, apresenta uma proposta humanista, onde é valorizado o conhecimento pessoal de cada educando, que não está vinculado somente aos bancos escolares. Nesta perspectiva, todo e qualquer lugar é local de aprendizagem, porém é na escola, o local apropriado para podermos ‘ressignificar’ o que acontece em nossas vidas, relacionando o conceito com a prática. No artigo 1º da lei 9.394 (LDB) traz a seguinte afirmação:

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. (BRASIL, 1996).

O conhecimento é algo subjetivo, pertencente ao sujeito e suas relações primeiro consigo mesmo, depois com os outros e por fim com o mundo. O sujeito não adquire o conhecimento por fidelidade mimética, ou seja, cópia perfeita do que lhe parece real. Portanto, é através de suas capacidades, sensibilidades, habilidades e competências, que o estudante constrói juntamente com os demais participantes da COM.A.I., novos conceitos que darão significado ao seu existir oportunizando a toda comunidade novas possibilidades de ação.

Somos seres paradoxais, e em nossa existência histórica, também somos regados pelo erro, insegurança e falibilidade. Dentro do processo de ensino e aprendizagem, o “erro” possui o seu valor didático pedagógico, onde o sujeito da aprendizagem constrói as suas representações, que dentro de sua logicidade, possui verdadeiro sentido, que podem ser melhoradas com a ajuda do olhar da comunidade, incorporando novas ideias, transformando o já pensado em reflexão, alcançando um nível superior de conhecimento. 

A intervenção pedagógica deve atentar-se ao que denominamos idade cognitiva do estudante, ao que compete o amadurecimento da compreensão dos alunos durante os estudos de conceitos. Deve-se ainda, levar em consideração, os conhecimentos que se apresentam em forma de senso comum pelos alunos, mas que devem ser lapidados pela comunidade, oferecendo o professor uma contribuição construtiva. 

Estas são algumas pistas para alcançarmos o conhecimento dentro da Comunidade de Aprendizagem Investigativa, onde o conhecer não é decorar fórmulas e regras matemáticas ou gramaticais. Para alcançar o conhecimento, o sujeito que o busca passa por um processo de modificação, aceitabilidade, reorganização, plasticidade e construção no que diz respeito à assimilação e interpretação de conteúdos estudados.

A assimilação e interpretação de conteúdos, além de serem apropriações culturais e sociais, são propriedades do sujeito, portanto o sentido obtido do conhecimento é ainda subjetivo, fazendo do sujeito corresponsável e coautor de seu processo formativo.

O conhecimento subjetivo é de estrema importância na perspectiva da aprendizagem, pois implica no simbolismo que é dado pelo estudante á parcela da realidade estudada, juntando com a percepção simbólica de toda a comunidade e fazendo relações entre a teoria e a prática. 

Dentro desta perspectiva compreendemos a participação do professor como parte da COM.A.I.- sendo ele mediador de conhecimentos, aquele que se ocupa como facilitador na aprendizagem, transformador e ‘ressignificador’ de conceitos. Os conceitos são ferramentas que desenvolvem nos educandos habilidades de raciocínio, que os levam a pensar com uma melhor qualidade e clareza, direcionando-os para um pensamento com excelência.

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