quinta-feira, 7 de abril de 2016

A filosofia por meio do ombro dos gigantes




Prof. Weber Campos de Souza[1]

Para começar nossa reflexão gostaria de citar um pensamento levantado pelo Professor César Nunes no 1º programa “Café com Ideias: um espaço de diálogo” (ver em www.youtube.com/editorasophos). Ele mencionou um trecho de Bernard de Chartres que diz o seguinte: “Suba no ombro dos gigantes para olhar mais longe, mas ao olhar mais longe seja humilde. Referencie quem te segurou no ar para que pudesses ver”.
Ler essa citação e assistir ao programa pode nos levar para vários questionamentos como: Quem são esses gigantes? Qual a necessidade de subirmos no ombro desses gigantes? Para onde vamos ao enxergar mais alto e mais distante? Podemos perceber que se quisermos colocar mais perguntas sobre esse pensamento vamos ter inúmeras, mas vamos partir do principio dessas três perguntas. 
Quem são os gigantes para os nossos alunos?

Primeiramente devemos pensar que um gigante para os nossos alunos é aquele que vai conseguir trabalhar com crianças, adolescentes e jovens, uma forma que valorize os pensamentos dos seus alunos. Muitas vezes os próprios pequenos pensadores não acreditam ou acham seus pensamentos pouco razoáveis para serem abordados em uma sala de aula. O gigante, por apresentar uma posição maior, ter o domínio do conteúdo e ser o líder para aquele grupo deve estar atento que o ambiente de sala de aula é frequentado por pessoas que estão cada vez mais ligadas em tv, jogos e computadores, acessando sites e redes sociais e, muitas das vezes essas rápidas informações e/ou conhecimentos encontrados nem sempre são úteis ou verdadeiros.
Está aí muitas vezes o maior vilão para os gigantes: o conhecimento e informação digital. O perigo para esses gigantes se dá pelo fato de que é muito mais fácil e prazeroso um aluno ficar ligado em uma cena de novela, a ida a um show da banda do momento, uma gíria descolada e, ficar trocando mensagens via celular com os colegas da turma do que ter a consciência do que é um verdadeiro conhecimento. A ação principal desse gigante é ter como aliado o mesmo que Sócrates teve quando iniciou a Filosofia: a pergunta.
A partir do momento em que o aluno percebe que toda a sua circunstância existencial faz parte de um Programa Educar para o Pensar, ele já consegue relacionar que aquelas perguntas do tipo: O que é aquilo? Qual a importância do celular? Qual o sentido da vida? Por que as pessoas pensam diferentes? Devo gostar do que está na moda? Situações que até então eram pensamentos razoáveis, passam a ser as primeiras pontes para um caminhar filosófico. Podemos refletir então que para subir no ombro de gigantes, a pessoa começa por meio do atrativo da indagação e, a partir dai vem a segunda pergunta: Qual a necessidade de subirmos no ombro desses gigantes?
O aluno descobre assim com os primeiros filósofos, que a Filosofia se dá por meio de uma admiração entre homem e sua nova forma de ver e observar o mundo. Já no ombro dos gigantes o aluno percebe que a Filosofia não se restringe apenas nas perguntas, mas nas proximidades das respostas. Sabe que as respostas não estão prontas e acabadas, porém, já em cima do ombro dos gigantes, através do amor pelo real e verdadeiro conhecimento é possível passar a ter uma visão mais ampla de mundo. O aluno estará mais seguro em seus pensamentos, atitudes, opiniões e decisões para o futuro.
Com a evolução do indagar, do refletir, o pensamento filosófico parte de uma premissa mais concreta colocando sempre a política e as questões éticas do comportamento humano em uma proximidade da realidade, atingindo assim o bem estar e a felicidade do ser humano.  Enfim, para onde os alunos vão ao enxergar mais alto e mais distante?
Verdade é que quando eles estão caminhando juntamente com os gigantes e no ombro deles, percebem que não adormecem nem acordam. A nova visão faz com que o olhar perceba que, tendo sonhos ou pesadelos, estão seguros para um alvorecer de novas realidades, novas descobertas e teorias. Mas nesse alvorecer percebem também que a vida passa, mas quando estão no ombro de gigantes e com o olhar mais amplo, nada mais é do que dar continuidade a um mundo que sempre buscou para seus anseios.
Estar no ombro dos gigantes é perceber que vamos caminhando para continuar tecendo o fio da existência. Também a certeza de que somos ‘Filo Filósofos’, isto é, “amigos dos Amigos da Sabedoria”.


[1] Assessor filosófico

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