quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

De: jovens - Para: oportunidades.

“Eu acredito é na rapaziada/Que segue em frente e segura o rojão/Eu ponho fé é na fé da moçada/Que não foge da fera e enfrenta o leão/Eu vou à luta com essa juventude/Que não corre da raia a troco de nada/Eu vou no bloco dessa mocidade/Que não tá na saudade e constrói/A manhã desejada” (Gonzaguinha)
          Todos sabem quão difíceis os tempos pelos quais passamos quanto à inserção no mundo do trabalho, mas é preciso acreditar: nos jovens e nas oportunidades. Seja pela falta de qualificação profissional, seja pela falta de oportunidades, os jovens estão em compasso de espera, mas de uma espera ativa: atentos, querem participar e construir o seu mundo. Neste sentido, nem sempre as relações entre jovens e adultos se revelam tranqüilas e exigem um grande esforço para superar conflitos insustentáveis e não compatíveis com boas relações de convívio social e nem de crescimento profissional.

          Todos nós construímos a nossa trajetória pessoal e profissional a partir de uma primeira referência: o exemplo de nossa família. Com o passar dos anos, a escola vai capacitando a gente para a compreensão do mundo. Assim, compreendendo o mundo, percebemos como participar ativamente dele. Mas quanto à inserção no mundo do trabalho, a referência que temos, ou teremos, sempre está ou estará na primeira oportunidade que nos é oferecida por alguém, seja pela competência, pela indicação, conquista ou reconhecimento profissional.

          Os jovens carregam uma energia criativa, desejando participar do mundo adulto, a partir de sua emancipação. Sonham com sua independência e, quando as oportunidades chegam, muitos as abraçam como seu projeto de vida. Outros, ainda as desperdiçam. Falta-lhes ainda o discernimento para fazer suas opções. Outros, ainda, em nome de uma vida “nada fácil”, enveredam por caminhos tortuosos e perigosos como a droga, bebida ou sexo.

          A sociedade cobra muito dos jovens e, desde sempre, vive o dilema de emancipar ou controlar a juventude. Este conflito carrega fundamentos geracionais, mas também explicita as tensões pelos avanços, pelas novidades. O novo, tão almejado pelos jovens, surge a partir de superações daquilo que já está consolidado no mundo adulto. O jovem gostaria de protagonizar as suas escolhas, mas os adultos temem por certas inovações. Na sabedoria dos povos africanos, que muito respeita seus anciãos, “o novo surge para dar lugar ao velho, pois cantiga de criança todo velho já cantou”.  O fato é que estes conflitos exigem uma compreensão ampla, dos adultos e dos jovens, para ambos construírem uma boa convivência social.

          É preciso desmistificar a idéia de que somente a qualificação profissional resolverá a questão da inserção dos jovens no mundo do trabalho. Mais do que ofertar qualificação, é preciso oferecer oportunidades reais, apostando que os jovens, por seu dinamismo, vontade e capacidade, serão capazes de superar a sua inexperiência profissional. Mais do que isto: quando oportunizados, são capazes de renovar os seus horizontes, criando e re-criando as suas possibilidades de vida . Como disse o professor Sérgio A. Sardi (UFRGS) sobre a nossa condição de aprendentes: “o mundo está sempre começando. Isto é que se chama liberdade”.

Nei Alberto Pies (pies.neialberto@gmail.com) professor e ativista em direitos humanos.

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