Ernando Cassemiro Gonçalves
Transmigrando saberes necessários para a (de) formação dos jovens contemporâneos na capacidade de atribuir competências, habilidades e criticidades filosóficas, demonstramos a importância de cogitarmos como podemos executar atividades cotidianas de maneira coesa, bem fundamentadas, que apresente uma solução sustentável e ainda alcance a interdisciplinaridade. Uma das alternativas encontradas, foi oportunizarmos a dilatação do tempo útil de algum tipo de material, não orgânico, que já tenha sido utilizado anteriormente. No caso desta atividade, o jornal.
Tendo como matéria prima o jornal impresso, os alunos devem mostrar por si só, o ser humano como um ser que interage (PAS – UnB). O processo de interação dos entes, acontece pelo desnivelamento do já nivelado e velado conceito de Política. Portanto, os alunos do terceiro ano do Ensino Médio do Instituto Educacional Santo Elias e do Instituto São José de Brasília, tem a primazia como “privilégio” de viverem, respirarem e questionarem a encenação da performance dos atores que estão atuando no palco da política regional e nacional. Dessa forma, a inserção do vir a ser cidadão e o desenvolvimento das articulações políticas, acontecem desde a mais pueril das idades candangas.
A utilização do jornal para criar, recriar e dimensionar a definição do conceito de política através de uma escultura perpassa pelas mãos dos educandos como se fosse a primeira vez que se tratasse desse termo. A transformação do pensamento abstrato em pensamento concreto nos remete exatamente ao plano cartográfico do despertar da plenitude criativa para elucidar a barreira do inatingível sobre a localização cartesiana do que vem a ser uma política atingível. O jovem possui em suas mãos a ferramenta principal da informação que o deforma. Agora, ele tem a chance de transformar sua deformação em formação. Reinventando, criando e principalmente conduzindo sua historicidade, deixando de ser objeto social passando a atuar como sujeito transformador de seu meio social. A fôrma da ação do que é política sendo expurgada por ações pragmáticas decantam uma nova visão axiológica daquele que externou seu sentimento político através de sua ação racional e apreciada pela sensação emocional.
A alfabetização e a conscientização da cidadania são questões que sempre permearam a educação no Brasil, menos claro que no período ditadura militar. Trazendo inquietações governamentais para dentro da sala de aula, faremos uma construção não fictícia da realidade estatal que se encontra nosso país. A formação de uma consciência política nos jovens que estão sendo engolidos por uma onda esmagadora de informações, faz com que tenhamos esperança de um público que seja privado de alienação global.
O grupo de alunos formados pela Camila, Natalia, Pedro e Sabrina dialogaram sobre Política “quando pensamos em política, a primeira coisa que vem na nossa cabeça é a grande corrupção existente, por exemplo, no Brasil, ou talvez as eleições presidenciais. Outras vezes, nem sequer `ligamos` para a política, alegando ignorância, fatalismo, conformação. Mas política não é somente tal corrupção e parlamentos; é através dela que pode-se melhorar a educação, saúde, economia, esportes... É ela que diz respeito à nossa vida privada e pública. Assim, todo povo com sua cultura, tem seu modo de fazer política, seja por monarquias ou `democracias` . A política também está diretamente ligada ao poder: damos certo poder aos políticos governantes para que possam governar, atender nossas necessidades e vontades. Porém, a corrupção é um fator que dificulta o atendimento das necessidades dos cidadãos – que devem exercer seus deveres e exigir seus direitos”.
Já o grupo da Amanda, Esdras, Gabriel e Lucas fizeram uma analogia da política a um banquinho “Comparamos a definição de política com um banquinho de três pernas. Para que a sociedade se ‘sustente’, são necessárias três relações principais: Força, Poder e Cidadania, onde cada uma deve desempenhar seu papel para a manutenção das relações sociais”.
Dessa forma, a contribuição dos alunos demonstra a percepção assimilativa da participação da sociedade educativa no âmbito regional e até nacional, se espalhando como rizomas, em discussões iniciadas nos grupos ganhando ênfase por toda sala de aula e chegando as redes de comunicações sociais virtuais. As assertivas a favor e as opiniões contrárias governamentais são levadas a sério pelos educandos. A questão a priori de se fazer perceber que os jovens não são o futuro da nação e sim o presente, são levadas a sério. Por ironia não socrática, mas pela dialética platônica, quando relatamos que o jovem de hoje é o futuro da nação, estamos apenas dizendo que hoje, eles não são nada, não têm participação alguma são apenas meros objetos que num futuro consumido por Cronos, nuca chegará. Então, os sujeitos fazedores da história alimentando-se culturalmente de politicagens, tentam engendrar condições empíricas necessárias para metamorfosearem seus aspectos cognitivos e assertivos sobre o que realmente vem ser Política.
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