Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva
Sou de uma geração que para telefonar era necessário ir até ao único posto de telefonia da cidade, “antigamente” denominado de Posto da “telern”, a não ser que houvesse telefone fixo na casa de algum parente ou vizinho. O acesso à comunicação era restrito às classes mais abastadas, à elite política ou às famílias dos grandes fazendeiros da região. Havia poucos orelhões espalhados pela cidade à base de fichas telefônicas. A comunicação era, com isso, mais lenta por que menos acessível, por isso menos democrática. Minha geração, hoje chamada popularmente de geração “x” viu a TV preto e branco, em cores era uma raridade. Esta geração valorizava muito mais a reflexão, a concentração e o foco.
Sou de uma geração que viu nascer e popularizar-se o computador residencial e até móvel, porém ainda não existia internet, tampouco uma grande rede de pessoas que se comunicam imediata e virtualmente pelo “orkut”, “facebook”, “twitter”, “MSN”... Vi, vivi e cresci um pouco em meio a um mundo analógico e com menos interatividade, onde as brincadeiras de crianças eram nas ruas, os jogos eram sensíveis e manuais. Hoje, não só o mundo virtual é uma realidade, mas a própria realidade vem traduzida pelo virtual. Virtual e real se confundem, fundem-se, misturam-se a ponto de não sabermos em que mundo, afinal, estamos vivendo. Os jogos, o entretenimento das crianças, dos jovens e adultos são absolutamente virtuais que independem cada vez mais de um parceiro humano.
Sou de uma geração em que os amigos eram mais ouvidos, não as máquinas. Estamos rodeados de máquinas. Máquinas e eletrônicos por todos os lados. É curioso, houve um tempo em que pouco recorríamos às máquinas, mas hoje, quase não vivemos sem elas. Ah, as máquinas passaram de ferramentas secundárias para ferramentas essenciais em todas as áreas da vida humana. Para não esquecer, agora a pouco, da varanda da minha casa vi passar quatro jovens juntas que, certamente, iam para a praça da cidade, mas todas, sem exceção, portavam aparelhos celulares ou “ipods” com seus fones de ouvido. Pergunto-me: Conversavam? Se sim, por que não se livravam um pouco dos aparelhos enquanto conversavam? Se não, o que estavam fazendo juntas? Esta é um pouco a confusão dessa geração: gosta de fazer tudo ao mesmo tempo. Chamam a esta geração de “y”.
Engraçado, de dentro da geração “x”(Bill Gates) nasce a geração “y”. Com a mega empresa capitalista de informática “Microsoft”, o mundo começa a nascer vislumbrado pelo desenvolvimento da internet, também da geração “x” com origens na guerra fria.
Sou da geração que viu e fez nascer a internet.
Sou da geração que viu e fez nascer os celulares ou telefonia móvel.
Sou da geração que viu e fez nascer os “ipods” e “ipads”.
Sou da geração que viu e fez nascer os “notebooks”.
Sou da geração que faz uma coisa só de cada vez.
Sou da geração obcecada por conhecimento.
Sou da geração “x” que viu a “y” nascer, a qual não me viu nascer. Porém, tal como o presente que funde passado e futuro, assim são as gerações que se fundem numa só, dispostas a viver num mundo diferente, aberto à aventura do novo. Um novo mundo que, embora seja estranho para alguns, torna-se possível. Tanto é possível que agora, no hoje da minha história, vejo-me assistindo ao filme numa LCD, ao mesmo tempo em que atualizo meu blog e também meu twitter na internet que, simultaneamente, converso com minha esposa e, depois atendo ao celular que toca sem parar. Oh, ainda não acabou, não me dou por satisfeito, pois consigo comer um pedaço de pizza enquanto faço tudo isso, pois é o meu aniversário.
Parabéns pra você, da geração “x”, que não se perdeu na geração “y”!
Oi, Jack. Me perdoe a abreviação do seu nome, que é muito longo, mas juro que não quis imitar os novos dialetos que invadem a rede virtual de comunicação.
ResponderExcluirCompartilho de suas impressões, mas confesso que tento, na medida do possível, não me deixar escravizar por elas. Cada vez mais, as pessoas se deixam escravizar por tecnologias nem sempre necessárias. Temo que estejamos assistindo ao crescimento de uma geração alienada com relação ao "mundo real" que a cerca. Eternamente com seus fones de ouvido, confesso que não sei como conseguem estar alheios a tudo o que ocorre no seu entorno. Mas, como sou uma "transgressora de meia idade" continuo insistindo nas relações físicas sem a intermediação de máquinas. Um grande abraço, Ana Cristina, Petrópolis, RJ