"Se a educação
sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda."
(Paulo
Freire)
Os
novos gestores municipais herdaram grandes desafios para seus mandatos,
especialmente para a educação básica. Na condição de professor de uma rede
municipal e rede estadual de ensino, ousamos “palpitar” sobre aspectos que
consideramos fundamentais para alavancar uma educação de qualidade. Os desafios
para uma boa gestão em educação precisam dar conta de aspectos estruturais,
funcionais e pedagógicos.
Muito se fala e se discute a respeito
do papel da educação no desenvolvimento cultural e econômico de uma nação. Se é
verdade que a “educação precisa de respostas”, tão verdadeiro é que as mudanças
que esperamos a partir da educação não se farão sozinhas. Mudanças de postura,
comportamento, inovação e criatividade virão quando forem acompanhadas de
outras políticas públicas capazes de elevar a condição social de nossa gente e das
condições objetivas para fazermos uma educação de qualidade. Neste sentido, não
podemos afirmar de que “tudo passa pela educação”, embora, sem ela, nenhuma
mudança terá condições de acontecer.
A criatividade, a inovação e a ousadia
sempre foram bases para os grandes avanços da humanidade. Mas antes os gestores
precisam conhecer e reconhecer a realidade de sua rede municipal de ensino, as
expectativas da comunidade e os “pensamentos” que movem os seus professores.
Após este reconhecimento, devem traçar metas e “marcas” que desejam imprimir na
sua gestão. As marcas gerarão a identidade do trabalho político e pedagógico de
cada rede de ensino.
Os aspectos estruturais envolvem o
cuidado, a preservação e o “embelezamento físico” dos prédios e salas de aula.
Os ambientes escolares precisam uma boa pintura, uma boa organização e
distribuição de espaços, um ambiente agradável e aconchegante, um mobiliário
bom e adequado. Nossos estudantes merecem e precisam sentir-se bem, e bem acomodados,
para o pleno envolvimento com as aprendizagens. Os aspectos funcionais
referem-se ao bom e respeitoso tratamento que será dispensado aos funcionários
e professores das escolas. O trabalho árduo e cotidiano dos professores precisa
ser reconhecido em sua dignidade humana e profissional. Os aspectos
pedagógicos, tão importantes quanto os demais, devem levar em conta a
experiência acumulada de cada educandário e de cada professor e professora,
apresentando aos mesmos novos desafios para dinamizar as aprendizagens. A
formação continuada dos professores precisa ser combinada e dialogada, antes de
ser executada, para que ocorra verdadeiro envolvimento. Deve, ainda, produzir a
sistematização e discussão das práticas pedagógicas. Esta poderá sim produzir
novas posturas e compreensões para intervenção em sala de aula.
As respostas que dependem da educação
nunca estarão plenamente definidas. O que sabemos é que uma educação que leva
em conta os desejos da comunidade, dos professores e dos alunos corre sério
risco de colaborar com habilidades, atitudes e conhecimentos que farão
diferença para o futuro do Brasil. Ademais, nossa educação precisa colaborar
para o exercício e a prática da cidadania, esta sim, capaz de operar as grandes
mudanças de que o nosso país precisa. Nossas escolas devem ser “o primeiro e
maior lugar de vivência de direitos”. Os gestores municipais que entenderem
isto farão uma grande diferença na educação brasileira.
Nei
Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos.
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