Jéferson Dantas
Fim das férias. Crianças e jovens reencontram colegas, amigos e professores. O que lhes aguarda depois de tantos dias? Novas amizades, uma nova paquera? A ansiedade do último ano do ensino médio e as provas do vestibular? O que lhes reserva aqueles prédios, muitas vezes vetustos e opressores ou coloridos e libertadores? O que os professores planejaram para estes estudantes? Seriam as escolas, efetivamente, espaços de esperança?
A cada ano letivo que passa os desafios da escola pública se ampliam, seja pela dramática situação de abandono dos prédios escolares em Santa Catarina, seja pelo desestímulo dos educadores. Por mais ingênuo que possa parecer muitos destes professores enfrentam tais fatalismos com esperança, luta política e criatividade. Reconhecem o seu compromisso social com os filhos da classe trabalhadora e se negam a desistir do magistério. E não podemos esquecer que várias escolas públicas foram fechadas ao longo destes últimos anos em nosso estado, fazendo com que crianças e jovens ficassem sem o direito constitucional de estudar e de se apropriar do conhecimento produzido pela humanidade.
O dilema se dá, justamente, no tipo de educação oferecido aos filhos da classe trabalhadora e aos filhos das classes dirigentes. Interessa-nos o primeiro caso, responsabilidade do poder público. O parque educacional catarinense sob o encargo do estado concentra um número bastante elevado de professores temporários, vítimas de contratos trabalhistas precários; em variados casos, acabam tendo vínculos muito frágeis com o público escolar, pois a cada ano são obrigados a mudar de unidade de ensino. A itinerância destes educadores promove toda a sorte de descontinuidade pedagógica, pois em muitas escolas o número de professores temporários é superior ao número de professores efetivos. Literalmente, cada ano letivo é um recomeço, tanto para os estudantes quanto para os educadores.
Enfim, respondendo à indagação do primeiro parágrafo, a escola pode ser um ‘espaço de esperança’, desde que se reconheça como tal e enfrente coletivamente (professores, estudantes, sindicatos e familiares) os abusos e arbitrariedades do poder estatal. E, quem sabe, o brilho no olhar das crianças e jovens volte a aparecer quando adentrarem os espaços educativos, resgatando o vínculo do conhecimento com a participação social ativa.
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