"Criamos
a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro
dela. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência,
empedernidos e cruéis”. (Charles Chaplin)
empedernidos e cruéis”. (Charles Chaplin)
Parece que a palavra da moda se chama rede. Com o desgaste do uso de outras palavras, até a educação passará pelo crivo da rede, o que pode ajudar na atualização e afirmação do papel que a escola deve assumir para dar conta de sua função social. A questão está na própria compreensão de rede, uma vez que a mesma não existe sem os nós (amarrações) próprios que a constituem como tal.
Educar sempre foi e sempre será uma arte, adaptada aos
diferentes momentos históricos. (Uma arte nunca está pronta e também não tem fórmula
única para existir). Educar faz parte de um processo dinâmico da vida da
sociedade. Educar sempre trouxe desafios imensos, sobretudo em momentos históricos
de profundas transformações tecnológicas e de organização da produção e da
sobrevivência. Educar, para uma mudança social, exige sempre a definição de sonhos
e metas, concretizadas por grandes ideias, pois “quem conduz e arrasta o mundo
não são as máquinas, mas as ideias” (Vitor Hugo).
A escola, no nosso tempo histórico, cumpre a função
insubstituível de sistematização das informações, para transformá-las em
conhecimento. É verdade que os alunos de hoje leem mais e que estão mais
informados e integrados aos processos dinâmicos da vida social, mas também é verdade
que escrevem menos, tem dificuldades de se comunicar e expressar, tem grandes
problemas nos seus relacionamentos interpessoais, tem dificuldades de projetar
seus sonhos e idealizar o seu futuro. Os adolescentes e jovens de hoje não
conseguem, ainda, transformar a avalanche de informações que recebem em
conhecimento, posturas e atitudes. Estar informado e conectado ao mundo virtual
não é suficiente para decidir o que fazer com o mundo real, seja a partir de
uma intervenção pessoal ou coletiva.
Vivemos a era da tecnologia e da informatização, mas não
quer dizer que possamos suprimir a importância da oralidade e da escrita. Mais
do que nunca, para a nossa humanização, precisamos comunicar e compreender
melhor a nós mesmos e aos outros. Precisamos aperfeiçoar a nossa comunicação,
para uma melhor compreensão de nós mesmos, dos outros e do mundo. Precisamos
tornar as máquinas ferramentas que nos auxiliem na convivência social. Os “faces”
não podem substituir as nossas “faces a faces”,
respeitando as diferenças e as peculiaridades do ser que somos. Precisamos
também produzir os nossos conhecimentos através da escrita, fazendo sínteses
que nos orientem para uma vida alicerçada nos sonhos e metas que decidimos
projetar.
Uma rede de ensino precisa articular os diferentes “nós” que
a constituem: a comunidade, os alunos, os professores, a comunidade escolar, os
gestores municipais, os conselhos de educação. A mediação entre estes
diferentes “nós” precisa contemplar as condições para uma boa aprendizagem e a
vivência de cidadania e de direitos das nossas crianças, adolescentes e jovens
a partir das nossas escolas.
O esforço
do conjunto de escolas municipais ou estaduais e seus gestores constituem uma
rede em construção. Esta rede, no entanto, não pode trabalhar isolada. Outras
redes precisam ser articuladas e amarradas para que a vida social esteja
garantida. A escola não pode nem ser uma ilha e nem uma rede isolada do
contexto social da qual ela é parte.
Nei Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos.
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