quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Educador: Passe de mágica (?)


Armando Correa de Siqueira Neto*

O desejo é uma parte importante da realização. Ajunte-se à lista, ainda, conhecimento, atitude empreendedora, persistência e espírito crítico para mudar quando necessário. Saber, querer e fazer são condições para se alcançar metas. A questão, contudo, diz respeito à forma de se desejar. O que se espera comumente é que as coisas aconteçam conforme a crença pessoal, sem se considerar o que cada objetivo requer verdadeiramente. Embora a pessoa acredite que esteja plantando corretamente, a semente não vinga e a colheita falha.

Um trabalhador, por exemplo, se esforça por determinado período para chegar mais cedo, ser simpático com os colegas, agradar o chefe, na expectativa de obter promoção e aumento de salário.  Mas não investe em si, para adquirir mais conhecimento, autonomia e responsabilidade pessoal. Não se leva em conta o que é imprescindível, mas o que é conveniente. E o resultado esperado, porém, sequer passa perto das possibilidades. Então, a boa vontade cai, fazendo elevar o descaso.

O aluno quer o diploma e a festa de formatura. Todavia, não estuda e quer que seus exames resultem favoravelmente com boas notas. Não é assíduo e protesta, julgando-se injustiçado ao constatar as faltas registradas. Conversa durante a aula e estranha o desconhecimento acerca do tema apresentado. Demora a iniciar um trabalho e se diz vítima da falta de tempo. Atira pra baixo e reclama de acertar o próprio pé.
Uma pessoa abre seu negócio sem observar o mercado e perde informações que poderia lhe render a sobrevivência, quiçá o progresso. Pouco se dispõe a mudanças, não se atualiza, torna-se obsoleta e pouco competitiva. Não se mexe, apenas aguarda, e ainda se lamenta da maré de azar. É como lançar o anzol sem a isca.

O esbanjador tropeça na perna da imprevidência, mas se queixa da falta de dinheiro. Gasta sem se preocupar com o futuro. No entanto, quando o porvir lhe chega, faz do seu presente motivo de abominação. Usa o cartão de crédito livre e alegremente até a fatura lhe causar tristeza.
 De um jeito ou de outro, não basta querer para obter. É preciso mais. Não há mágica. Mas pode existir ilusão. É possível crer com veemência que dará certo aquilo que, se analisado à luz da consciência, se mostra claramente improvável. O devaneio pinta o cenário com lindas cores o esboço que mal saiu dos contornos de carvão. É crer que as parcelas do seguro-desemprego não se acabam. O bolo não queima. A desculpa resolve. O tanque reserva é suficiente. O tempo espera. A droga não vicia. Nada atrapalha. A saúde é inabalável... A lista é interminável e cada um a escreve à sua moda.
Eis o risco: se auto-iludir na certeza de controlar a ilusão. Negar a existência do engano sem percebê-lo em si mesmo.

*Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo (CRP 06/69637) e diretor da Self Consultoria em Gestão de Pessoas. É professor e mestre em Liderança pela Unisa Business School. Coautor dos livros Gigantes da Motivação, Gigantes da Liderança e Educação 2006. E-mail: selfcursos@uol.com.br

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