quinta-feira, 23 de maio de 2013

PARA QUE FILOSOFIA?
Prof. Izaías F. da C. Neto

Grande parte dos educandos fazem a mesma pergunta: “Afinal, para que serve a filosofia?” É uma questão interessante, pois não vemos e nem ouvimos ninguém se perguntar por exemplo, “para que serve a matemática e a química moderna?”. Mas todo mundo acredita ter uma visão genial quando pergunta para um professor de filosofia “qual seria a importância da filosofia?”
Por esse motivo costumam-se chamar de filósofos os indivíduos distraídos e que se preocupam com problemas que a humanidade não está nem um pouco sensibilizada. Abordagens como a essência dos homens não estão nem de longe dentro da temática entre os adolescentes a até mesmo dos adultos, mas o que presenciamos na verdade seria a verdadeira preocupação com as sociedades virtuais como o facebook ou com o carro novo para ir ao shopping (=compras) assistir um filme novo.
Em nossa cultura moderna ou pós-moderna, tudo que é “sólido se desmancha no ar”,ou seja as instituições como a família e a religião, e por incrível que pareça até o próprio caráter, estão sendo fragmentados por uma espécie de materialismo consumista, e uma mentalidade positivista de ciência.
Hoje procuramos sentido em tudo que nos rodeia e, de modo imediatista perguntamos: “Para que serve isso?” “Qual seria a utilidade disso?”, “Consigo ganhar dinheiro com isso?” Posso ganhar alguma vantagem com isso?”
Obviamente que nesse mundo uma ciência que está preocupada com a reflexão está cada vez mais marginalizada, enquanto as ciência naturais estão a todo vapor, as humanas estão jogadas a uma certa instância de relativismo incapaz de ser entendida como algo eficaz para uma sociedade mecânica que solidifica o endeusamento da ciência como a única alternativa capaz de estabelecer uma harmonização social e o bem comum.
Talvez seja essa a grande diferenciação que o antropólogo Roberto da Matta, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, estabelece em capítulo conhecido como: Ciências naturais e Ciências sociais, a dicotomia das ciências naturais e as ciências humanas, que hoje se resume no que é útil e o que é inútil para a vida de consumo.
A missão do filósofo ou do professor de filosofia é mostrar para a sociedade e os educandos que grande parte do que a nossa sociedade acredita hoje são verdades prontas baseadas na cultura capitalista da vitória e do consumo, onde os “perdedores” a cada dia são marginalizados por um sistema desigual.
Hoje a sociedade se acostumou e é direcionada para o único lado da moeda, e acredita que essa é a melhor forma de viver, como por exemplo o nosso conceito de vitória, onde encontramos grande referência bibliográfica nas livrarias com títulos de auto ajuda como: “Faça o seu sucesso”, “Seja feliz em dez dias”, “Seja um vencedor”. Como se fosse uma espécie de manual para vida moderna
É preciso mostrar enquanto professor de filosofia, que a vitória só é entendida por aqueles que um dia perderam, pois os que só ganham não conhecem o sentido da vitória e nem tão pouco dão valor a sua essência, até porque nunca experimentaram a perda.
É necessário mostrar ao educando que o erro seria o primeiro passo para o conhecimento e para o aprimoramento, e que a felicidade não se encontra em bens materiais usados para suprir algo que nos foi negado por nossos pais ou por uma sociedade que só sente orgulho do campeão, e que defende o orgulhoso jargão: “que o segundo é o primeiro que perde”.
Vivemos em uma sociedade que chegou a lua, mas ainda não conseguiu chegar ao seu próprio coração, assim exaltamos o nosso sentimento de socialização enquanto esquecemos como é bom ficar sozinho em silêncio e refletir sobre a nosso existência .
A maior resposta que um professor de filosofia poder dar aos alunos são essas reflexões sim. Os nossos alunos trocarão o título desse artigo, e ao invés de se perguntarem “por que filosofia” entenderão que o “por que” na filosofia, talvez seja a maior arma dos que entendem filosofia.


Izaias Francisco da Cruz Neto - izaiascruzvr-rj@hotmail.com - Col. N.S do Rosário em Volta Redonda/RJ [Licenciado em História, Especialista em Ciências Sociais, Ciências Políticas e em Filosofia]

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