PARA QUE FILOSOFIA?
Prof.
Izaías F. da C. Neto
Grande
parte dos educandos fazem a mesma pergunta: “Afinal, para que serve
a filosofia?” É uma questão interessante, pois não vemos e nem
ouvimos ninguém se perguntar por exemplo, “para que serve a
matemática e a química moderna?”. Mas todo mundo acredita ter uma
visão genial quando pergunta para um professor de filosofia “qual
seria a importância da filosofia?”
Por
esse motivo costumam-se chamar de filósofos os indivíduos
distraídos e que se preocupam com problemas que a humanidade não
está nem um pouco sensibilizada. Abordagens como a essência dos
homens não estão nem de longe dentro da temática entre os
adolescentes a até mesmo dos adultos, mas o que presenciamos na
verdade seria a verdadeira preocupação com as sociedades virtuais
como o facebook ou com o carro novo para ir ao shopping (=compras)
assistir um filme novo.
Em
nossa cultura moderna ou pós-moderna, tudo que é “sólido se
desmancha no ar”,ou seja as instituições como a família e a
religião, e por incrível que pareça até o próprio caráter,
estão sendo fragmentados por uma espécie de materialismo
consumista, e uma mentalidade positivista de ciência.
Hoje
procuramos sentido em tudo que nos rodeia e, de modo imediatista
perguntamos: “Para que serve isso?” “Qual seria a utilidade
disso?”, “Consigo ganhar dinheiro com isso?” Posso ganhar
alguma vantagem com isso?”
Obviamente
que nesse mundo uma ciência que está preocupada com a reflexão
está cada vez mais marginalizada, enquanto as ciência naturais
estão a todo vapor, as humanas estão jogadas a uma certa instância
de relativismo incapaz de ser entendida como algo eficaz para uma
sociedade mecânica que solidifica o endeusamento da ciência como a
única alternativa capaz de estabelecer uma harmonização social e o
bem comum.
Talvez
seja essa a grande diferenciação que o antropólogo Roberto da
Matta, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
estabelece em capítulo conhecido como: Ciências naturais e Ciências
sociais, a dicotomia das ciências naturais e as ciências humanas,
que hoje se resume no que é útil e o que é inútil para a vida de
consumo.
A
missão do filósofo ou do professor de filosofia é mostrar para a
sociedade e os educandos que grande parte do que a nossa sociedade
acredita hoje são verdades prontas baseadas na cultura capitalista
da vitória e do consumo, onde os “perdedores” a cada dia são
marginalizados por um sistema desigual.
Hoje
a sociedade se acostumou e é direcionada para o único lado da
moeda, e acredita que essa é a melhor forma de viver, como por
exemplo o nosso conceito de vitória, onde encontramos grande
referência bibliográfica nas livrarias com títulos de auto ajuda
como: “Faça o seu sucesso”, “Seja feliz em dez
dias”, “Seja um vencedor”. Como se fosse uma espécie
de manual para vida moderna
É
preciso mostrar enquanto professor de filosofia, que a vitória só é
entendida por aqueles que um dia perderam, pois os que só ganham não
conhecem o sentido da vitória e nem tão pouco dão valor a sua
essência, até porque nunca experimentaram a perda.
É
necessário mostrar ao educando que o erro seria o primeiro passo
para o conhecimento e para o aprimoramento, e que a felicidade não
se encontra em bens materiais usados para suprir algo que nos foi
negado por nossos pais ou por uma sociedade que só sente orgulho do
campeão, e que defende o orgulhoso jargão: “que o segundo é o
primeiro que perde”.
Vivemos
em uma sociedade que chegou a lua, mas ainda não conseguiu chegar ao
seu próprio coração, assim exaltamos o nosso sentimento de
socialização enquanto esquecemos como é bom ficar sozinho em
silêncio e refletir sobre a nosso existência .
A
maior resposta que um professor de filosofia poder dar aos alunos são
essas reflexões sim. Os nossos alunos trocarão o título desse
artigo, e ao invés de se perguntarem “por que filosofia”
entenderão que o “por que” na filosofia, talvez seja a maior
arma dos que entendem filosofia.
Izaias Francisco da
Cruz Neto - izaiascruzvr-rj@hotmail.com
- Col. N.S do Rosário em Volta Redonda/RJ [Licenciado
em História, Especialista em Ciências Sociais, Ciências Políticas
e em Filosofia]
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