quinta-feira, 13 de junho de 2013

O Brasil tem jeito, acreditem: o Brasil é brasileiro

Quanto maiores são as dificuldades, maior é o sabor”.
(Dunga, ex- técnico da seleção brasileira)

Ao analisarmos o jogo da final da Copa das Confederações de 2009, fazemos dele uma referência para avaliar o comportamento dos jogadores em campo, de ambas as seleções. Apesar dos limites de uma análise feita por um torcedor e não por um técnico, esta poderá nos oferecer subsídios para a compreensão do momento histórico pelos quais passava e por que não passa o Brasil.
A expressão “Yes, we can” (sim, nós podemos), foi o mote da campanha que elegeu (e reelegiu) o presidente americano Barack Obama. Esta mesma expressão foi divulgada como inspiração da seleção americana para o jogo da final da Copa das Confederações, no domingo, dia 28 de junho de 2009. No Brasil, mesmo sem falar e assumir esta expressão máxima, o povo brasileiro tem demonstrado, ao longo dos últimos anos, que pode mais com suas habilidades, criatividade e ousadia.
Vamos então a retrospectiva do jogo. O primeiro tempo foi absolutamente dominado pela supremacia pragmática do futebol americano. Apesar das tentativas brasileiras jogando em direção à trave do adversário, os americanos é que souberam aproveitar ao máximo as duas únicas oportunidades do jogo, com dois gols. A seleção brasileira jogou apática. A seleção americana jogou soberana. No segundo tempo, as duas seleções mudaram radicalmente suas atitudes em campo. Por um lado, a seleção brasileira emergiu do marasmo e teve atitude altiva de quem almejava jogar para ganhar. A seleção americana, por sua vez, segurou-se para manter o resultado, mas cedeu ao empate e depois ao gol que consagrou o Brasil campeão.
Ora, a seleção brasileira, a exemplo de como age seu povo, jogou o segundo tempo com criatividade, persistência, ousadia e liderança, características próprias de uma nação emergente e com reconhecida capacidade política no cenário internacional. Tinha nos pés de seu maior líder e capitão Lúcio, a referência e a garra para as jogadas. Jogou com espírito de equipe, usando meio e laterais do campo como há tempo a seleção brasileira não ousava jogar. Dunga escalou uma equipe, mas contou novamente com o diferencial de jogadores como Kaká e Luis Fabiano.
A seleção americana, por sua vez, não sustentou o jogo com seu jargão. Não soube reagir diante das investidas dos brasileiros, rumo ao gol, no segundo tempo. Seu jogo pragmático e de resultados rendeu-se ao jogo da criatividade e persistência dos brasileiros. Os jogadores americanos foram incapazes de mudar seu comportamento em campo, dificuldade que também parece estar presente em sua nação, quando esta joga na economia e na política e precisa se recuperar.
Se Roberto Gomes escrevesse hoje seu livro “Crítica da Razão Tupiniquim”, ainda escreveria sobre a não existência de pensadores e filósofos que pensam o Brasil (parece que o Brasil ainda não é suficiente sério para ser pensado), mas já concordaria de que o Brasil construiu condições para a sua auto-afirmação: recuperou a credibilidade, joga como uma grande equipe e devolveu ao povo a esperança e a auto-estima. Ademais, amadureceu como nação e é uma prova que a democracia lhe faz muito bem.
Quando o Brasil joga com futebol, com esperança e com perseverança, ele pode muito mais. Pode, inclusive, virar o jogo da vergonha. É o jogo de uns poucos brasileiros que jogam com a corrupção e com escândalos que envolvem dinheiro público. O Brasil tem jeito, acreditem... O Brasil é brasileiro!
Nei Alberto Pies, professor e ativista em direitos humanos

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