O
Brasil tem jeito, acreditem: o Brasil é brasileiro
“Quanto
maiores são as dificuldades, maior é o sabor”.
(Dunga,
ex- técnico da seleção brasileira)
Ao
analisarmos o jogo da final da Copa das Confederações de 2009,
fazemos dele uma referência para avaliar o comportamento dos
jogadores em campo, de ambas as seleções. Apesar dos limites de uma
análise feita por um torcedor e não por um técnico, esta poderá
nos oferecer subsídios para a compreensão do momento histórico
pelos quais passava e por que não passa o Brasil.
A
expressão “Yes, we can” (sim, nós podemos), foi o mote da
campanha que elegeu (e reelegiu) o presidente americano Barack Obama.
Esta mesma expressão foi divulgada como inspiração da seleção
americana para o jogo da final da Copa das Confederações, no
domingo, dia 28 de junho de 2009. No Brasil, mesmo sem falar e
assumir esta expressão máxima, o povo brasileiro tem demonstrado,
ao longo dos últimos anos, que pode mais com suas habilidades,
criatividade e ousadia.
Vamos
então a retrospectiva do jogo. O primeiro tempo foi absolutamente
dominado pela supremacia pragmática do futebol americano. Apesar das
tentativas brasileiras jogando em direção à trave do adversário,
os americanos é que souberam aproveitar ao máximo as duas únicas
oportunidades do jogo, com dois gols. A seleção brasileira jogou
apática. A seleção americana jogou soberana. No segundo tempo, as
duas seleções mudaram radicalmente suas atitudes em campo. Por um
lado, a seleção brasileira emergiu do marasmo e teve atitude altiva
de quem almejava jogar para ganhar. A seleção americana, por sua
vez, segurou-se para manter o resultado, mas cedeu ao empate e depois
ao gol que consagrou o Brasil campeão.
Ora,
a seleção brasileira, a exemplo de como age seu povo, jogou o
segundo tempo com criatividade, persistência, ousadia e liderança,
características próprias de uma nação emergente e com reconhecida
capacidade política no cenário internacional. Tinha nos pés de seu
maior líder e capitão Lúcio, a referência e a garra para as
jogadas. Jogou com espírito de equipe, usando meio e laterais do
campo como há tempo a seleção brasileira não ousava jogar. Dunga
escalou uma equipe, mas contou novamente com o diferencial de
jogadores como Kaká e Luis Fabiano.
A
seleção americana, por sua vez, não sustentou o jogo com seu
jargão. Não soube reagir diante das investidas dos brasileiros,
rumo ao gol, no segundo tempo. Seu jogo pragmático e de resultados
rendeu-se ao jogo da criatividade e persistência dos brasileiros. Os
jogadores americanos foram incapazes de mudar seu comportamento em
campo, dificuldade que também parece estar presente em sua nação,
quando esta joga na economia e na política e precisa se recuperar.
Se
Roberto Gomes escrevesse hoje seu livro “Crítica da Razão
Tupiniquim”, ainda escreveria sobre a não existência de
pensadores e filósofos que pensam o Brasil (parece que o Brasil
ainda não é suficiente sério para ser pensado), mas já
concordaria de que o Brasil construiu condições para a sua
auto-afirmação: recuperou a credibilidade, joga como uma grande
equipe e devolveu ao povo a esperança e a auto-estima. Ademais,
amadureceu como nação e é uma prova que a democracia lhe faz muito
bem.
Quando
o Brasil joga com futebol, com esperança e com perseverança, ele
pode muito mais. Pode, inclusive, virar o jogo da vergonha. É o jogo
de uns poucos brasileiros que jogam com a corrupção e com
escândalos que envolvem dinheiro público. O Brasil tem jeito,
acreditem... O Brasil é brasileiro!
Nei
Alberto Pies, professor e ativista em direitos humanos
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