Por que uma Educação
Reflexiva?
*Prof.
Geverson Luz Godoy
“Se
você acha que educação é cara, experimente a ignorância.”
(Derek Bok)
Nestas últimas
semanas assistimos em redes nacionais e internacionais uma grande
prova que o nosso empenho, enquanto profissionais da Educação
Reflexiva, tem surtido efeito.
Presenciamos não
somente nas capitais de nosso País, mas em muitos municípios de
todos os estados do Brasil. Cidadãos de todas as idades
insatisfeitos com a forma injusta que o nosso país vem sendo
administrado.
Podemos considerar
estas manifestações frutos da democracia, mas algo me faz acreditar
que é mais do que isto, é uma quebra de paradigmas, uma mudança da
cultura do pensar, uma transformação. Isso me leva a acreditar que
mais que um movimento da democracia, a maior demanda é fruto do que
semeamos em nossas escolas, quando trabalhamos desde a Educação
Infantil até a Universidade os conceitos de justiça, família,
unidade, ética, moral, partilha, solidariedade, perdas, ganhos,
cooperação, empreendedorismo, etc...
Faz diferença em
uma sociedade, quando os educandos desenvolvem habilidades de
raciocínio como “escutar, respeitar a opinião dos outros,
investigar, dialogar, observar, verificar, descrever, inferir,
formular questões, comparar, contrastar, contextualizar, contestar,
interpretar, dar e pedir razões, identificar similaridades e
diferenças, identificar causas e efeitos, ato e potencia, fins e
consequências, estabelecer conclusões”, dentre outras
habilidades de raciocínio.
Desenvolver estas
habilidades com competência nos faz perceber que estas ferramentas
da filosofia e da educação reflexiva fazem diferença na vida das
pessoas e em suas relações com a sociedade.
Ainda percebo que em
muitas escolas não se dê o devido valor para o desenvolvimento
destas habilidades de raciocínio. Nós educadores sabemos que a
disciplina de Filosofia ficou por muito tempo nos porões dos
projetos políticos pedagógicos do mundo e, principalmente em nosso
país, mediante ditaduras das mais variadas formas.
É justamente por
esta causa, o despertar, a autonomia, o pensar por si mesmo..., que
não se quer a Filosofia, a Educação para o Pensar e, que a
educação reflexiva, aconteça nas salas de aula, pois, os nossos
nobres governantes conhecem o tamanho de sua nação, e temem que
este ‘GIGANTE’ desperte e saia para as ruas manifestando,
protestando e reivindicando os seus direitos públicos de que foram
privados. E de quem é a culpa?
Melhor continuarmos
falando sobre educação!
Uma Escola Reflexiva
tem resgatado os objetivos da Filosofia que é a construção do
conhecimento, a discussão dos conceitos, a formação do ser humano
com um todo. O investigar e o conhecer despertam para o pensamento
autônomo. Ser autônomo não é o mesmo que ser auto-suficiente, o
primeiro se desenvolve no seio de uma Comunidade de Aprendizagem
Investigativa (C.A.I) sadia, onde se utiliza do diálogo, onde se
aprende a ouvir tanto quanto se fala. O auto-suficiente aprendeu
apenas a falar, não lhe cabe escutar o seu semelhante, não respeita
a forma de pensar alheia e ainda quer impor aos outros o que pensa
saber.
A pessoa que
participa de uma Educação Reflexiva desperta para o
autoconhecimento, desenvolve sua auto estima e cresce com
autoconfiança, valores que engrandecem qualquer pessoa.
Ser reflexivo é
observar o mundo de forma atenta percebendo as suas ações e
compreendendo a modificação do processo da realidade. É ver tudo
como um todo, e não segmentar a vida em partes como que gavetas em
que organizamos nossos pertences pessoais. Ainda, pensar de forma
reflexiva desperta para o entendimento das próprias ideias e das
ideias dos outros levando ao respeito à própria vida, a vida dos
outros e o mundo que nos cerca.
Para pensar de forma
reflexiva é necessário organização, motivação e mediação para
que haja um ambiente propício para o diálogo, a investigação e a
construção do conhecimento.
Fazer educação
reflexiva é Educar para o Pensar, onde se valoriza o ser humano como
ser responsável, generoso, solidário, que quer e tem necessidade de
ser feliz. É acreditar enquanto educador no desenvolvimento de todas
as potencialidades do educando, incentivando-o para que participe
efetivamente de sua comunidade. Assim perceberá a importância de
saber trabalhar e aprender em comunidade, dialogar, discutir, falar,
habilidades essenciais para a vida pessoal e profissional.
Educar para o Pensar
é considerar cada estudante o protagonista de seu crescimento,
incentivando-o à pesquisa, à argumentação e clareza de suas
ideias. Além de estimular a estar aberto ao pensar do outro,
prepará-lo para os avanços científicos, sociais, culturais,
tecnológicos, antropológicos e filosóficos.
Para concluir e
reafirmar a importância de uma educação de qualidade, filosófica,
questionadora e reflexiva, concluo utilizando as palavras do Prof.
Celso Antunes em entrevista ao “Jornal de Ideias da Filosofia com
Crianças, Adolescentes e Jovens – Corujinha” Nº 72: “Não
sei como será o nosso amanhã; mas não duvido que será da maneira
como os educadores o esculpirem.”
*Prof.
Geverson Luz Godoy
Assessor
filosófico e pedagógico do S.E.R.;
Filósofo
e Psicopedagogo Institucional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário