Geancarlos Farinon Flores de Matias[1]
Ivo José Triches[2]
Max Weber (1864-1920), que foi
um grande sociólogo alemão afirma que não há como pensarmos em uma história com
base no “se”. Contudo, apenas a
título de especulação esse escrito foi feito. Como de fato seria a nossa
realidade se não houvesse a religião? O que você lerá a partir de agora são
apenas algumas aproximações.
Em tempos convulsivos como os
que vivemos, onde há relativismo e nevoeiros ideológicos, as grandes forças
culturais do passado (especialmente as religiões tradicionais) já não conseguem
se impor como referência. Não só as religiões, mas também a família, o estado,
as artes de um modo geral, parecem ter esgotado a capacidade de influir e
determinar valores de vida, princípios morais ou regras de comportamento.
Aliás, isso só foi possível anteriormente, em muitas ocasiões, de forma
extremamente autoritária.
O Fenômeno religioso tem
existência garantida no seio das diferentes culturas, porque se buscarmos na
própria palavra religião, que vem do latim:
RELIGIO formado pelo prefixo RE
(outro vez, de novo) e o verbo LIGARE
(ligar, unir, vincular), perceberemos que a religião deste modo é um vínculo
entre o mundo profano e o mundo sagrado. No fundo é a busca de reconectar o
homem ao transcendente. De modo geral, as religiões tem por finalidade a tarefa
de tornar o homem mais humano.
Como é notório, um dos papéis
da religião é mostrar ao mundo o sagrado, dando a ele seu significado. A partir
deste pressuposto ela proporciona o respeito às
normas, às regras e aos valores sob o aspecto da moralidade. Sua importância é
defendida por Émile Durkheim (1858-1917). Segundo ele é fundamental para manter
o tecido social agregado.
Nas mais diferentes religiões o que se vê é a procura contínua em demonstrar suas verdades. Para isso, elas lançam mão dos dogmas, estes por sua vez se caracterizam por serem os princípios fundamentais e indiscutíveis de uma determinada doutrina e ou teoria.
Nas mais diferentes religiões o que se vê é a procura contínua em demonstrar suas verdades. Para isso, elas lançam mão dos dogmas, estes por sua vez se caracterizam por serem os princípios fundamentais e indiscutíveis de uma determinada doutrina e ou teoria.
Em geral, elas procuram apresentar explicações para a
ordem, a forma, a vida e a morte dos seres, oferecendo aos humanos a esperança
de vida após a morte.
É importante destacar que ao longo
do tempo na história ocidental, a religião através de sua vinculação com a
política, foi considerada por muitos como o ópio do povo. O edifício
teológico-político, como bem enfatizou Espinosa (1632-1677), transformou-se em
um poder tirânico. Contribuiu e contribui até hoje para o processo de alienação
e perpetuação da injustiça social no mundo.
Destaco que Karl Marx
(1818-1883) deixou sua contribuição no tocante a esse tema também. Ele escreve
a partir da leitura de Espinosa. Marilena Chauí nos diz que o conceito de
alienação e de ideologia em Marx foi na verdade um prolongamento do pensamento
de Espinosa. Isso está no livro Espinosa uma Filosofia da Liberdade.
Na procura contínua em mostrar
as ilusões necessárias para suportar uma realidade que por si só não basta, as
religiões se utilizaram, muitas vezes, da credulidade popular para oprimir e
escravizar, manter privilégios e explorar, recorrendo a mentiras, as
falsificações, aos oportunismos, as alianças mais objetas com os poderosos. Inclusive
a violência e a crueldade. Isso tudo para assegurar benefícios materiais em
detrimento da miséria, da ignorância e do sofrimento dos crédulos.
Como a melhor forma de se
perder um argumento é generalizá-lo, nós
não estamos afirmando que todos os líderes religiosos agem conforme nossa
afirmação acima, apenas estamos evidenciando que essa é uma realidade ainda
hoje. Vide os empresários da fé que estão por quase toda parte.
A história das grandes
religiões, portanto, comprova quanto o conteúdo ideológico manipula, quase
sempre de forma perversa, consciências e valores, para satisfação de interesses
e privilégios que contradizem o que se apregoa como valor de vida. Mas em meio
a estas perversidades, a existência das religiões no mundo também edificam,
civilizam, educam e glorificam a espécie humana. Quem conhece a história dos
reis de Roma, certamente, confirmará isso que afirmamos neste parágrafo. O
cristianismo contribuiu e contribui até hoje para o processo de humanização do
homem.
Certamente nas demais
religiões também há uma intencionalidade semelhante ao cristianismo
Observe que é a contradição
que faz do fenômeno religioso um mistério a exigir permanente estudo.
Portanto, se o mundo com
religião é ruim e difícil, imagine sem religião! A existência teria outro
significado.
A questão que deixamos para reflexão é a
seguinte: como o mundo ocidental, é na sua grande maioria cristão, será que é
possível pensarmos em uma sociedade constituída por cristãos sem igreja? Como
seria o mundo? Melhor ou pior do que é hoje?
[1] Geancarlos Farinon Flores de Matias é formado em filosofia pela faculdade Bagozzi,
especialista em MBA Gestão de Pessoas pela Faculdade Bagozzi. Diretor do
Colégio imaculada Conceição em Videira –SC. Também é palestrante.
[2]Ivo José
Triches é escritor, palestrante e
Diretor das Faculdades Itecne de Cascavel. Autor do blog www.itecne.edu.br/ivo também é
formado em Filosofia. Fez três Especializações e fez o Mestrado.
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