Sonho
social
Armando
Correa de Siqueira Neto*
O sonho de conquista
social pode ser o resultado direto dos desejos que se formam em um
dado momento da vida. Por razões extremamente particulares, o ser
humano é capaz de buscar sensações agradáveis no convívio
através da realização de metas estabelecidas, as quais podem ser
chamadas de sonhos. Motivos são importantes na vida de uma pessoa em
razão da ocupação que demandam, permitindo que o tempo seja
preenchido de alguma forma. No entanto, emerge uma pergunta
fundamental: será que nos conhecemos o suficiente para definir mais
adequadamente os tipos de sonho que devemos estabelecer?
Será que dispomos
de suficiente autoconhecimento sobre as reais necessidades pessoais
para alinhá-las aos sonhos por nós projetados? Criamos sonhos que
na verdade não passam de desnecessários pesadelos (determinada
carreira profissional, um dado relacionamento, posse de certos bens)?
Alerta: muitos pais, ignorando o autoengano, estimulam seus filhos a
perseguir o que, à luz da razão, causaria desestímulo? Mais: mesmo
sob o torturante erro causado por objetivos irrefletidos, é possível
manter-se crente de que é correto o caminho e persistir em tal
desatino por tempo indeterminado? Quem sabe a hora de parar e rever a
trajetória? Quem quer enxergar isso?
O sonho de sucesso
social faz parte da nossa convivência há considerável tempo; em
muitas culturas é possível localizá-lo facilmente. O sonho da
glória social parece tão natural quanto necessário, haja vista ele
surgir com veemência em diferentes pessoas, nas variadas classes
sociais, notadamente desde a origem da civilização, além de se
sofisticar gradualmente com a evolução tecnológica. No entanto, é
devido questionar: se a grossa maioria das pessoas não realizou esse
tipo de sonho ao longo da história, mas sobreviveu normalmente, ele
é de fato essencial?
Por ventura, ao
desconhecer-se, o homem não se deixa levar por impressões externas
e toma para si os sonhos que nada ou pouco lhe dizem respeito,
acreditando lhe pertencerem legitimamente? Na falta de tal
consciência, recorre-se, inconscientemente, ao sonho alheio?
Curiosamente, pode-se pensar em pesadelo coletivo quando muitos se
enganam e sofrem por motivos semelhantes? Querer um estilo de vida
(por mais atraente que seja) fora dos moldes particulares pode causar
algum desarranjo psíquico tal como o desgastante desvio das energias
que devem sustentar a imagem do sonho que em algum momento não fará
mais tanto sentido e perderá a sustentação outrora convicta? A
frustração pode roubar a cena conforme o grau de desalinhamento
entre o que perdeu o significado e a realidade construída?
É aqui, portanto,
que se deve empreender uma profunda e intensa autoavaliação a fim
de reduzir o equívoco, mesmo sob o enorme trabalho que se seguirá
por força da mudança que se impõe cada vez mais vigorosa conforme
se avança na aquisição da libertadora consciência. Porém, quem
quer se libertar da própria inconsciência? O que você quer para
si: sonho ou pesadelo social?
*Armando
Correa de Siqueira Neto é psicólogo, diretor da Self Consultoria em
Gestão de Pessoas. Coautor dos livros Gigantes da Motivação,
Gigantes da Liderança e Educação 2006 -
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