quinta-feira, 11 de julho de 2013

Sensibilidade, Educação e Filosofia


O medo tem alguma utilidade, a covardia, não”
(Mahatma Gandhi)

As crianças produzem as mais puras obras da sensibilidade humana e nos orgulham com seus ingênuos e inocentes encantos. Crianças, adolescentes e jovens facilmente percebem quando um professor ou professora lhes oferece sabedoria, recheada de amor e dignidade. Sabem também reconhecer, como reconhecem seus pais, que professores trabalham duro e não são reconhecidos e nem estimulados a realizarem-se, com dignidade, no seu ofício de ensinar. Deles, somente deles, os professores recebem flores e presentes, em forma de agradecimento e reconhecimento por tudo que fazem por eles.
A sensibilidade é própria daqueles que estão de bem com a vida e se envolvem numa catarse de movimentos que geram boas percepções de vida, de ser humano e de beleza, daqueles que tem olhos para ver, ouvidos para ouvir e boca para falar, serenamente. Por sua vez, quando reina a insensibilidade, esta gera auto-suficiência, arrogância e rancor, qualidades que não cativam e não agregam ninguém.
Oferecemos, todos os dias, o melhor do que somos, por amor às nossas crianças. Ofertamos a elas luzes de esperança, forjadas na cotidiana luta de superação pessoal e profissional. Se os adolescentes sonham em transformar o mundo, mostramos a eles caminhos de saudável rebeldia, arrebatadora de causas, sonhos e desejos que move a cada um e cada uma. Se jovens e adultos acreditam no poder do conhecimento, os estimulamos a fazerem suas buscas na vida pessoal e profissional, através de seus estudos.
Sensibilidades afetivas, sociais e políticas constituem um legado daqueles que escolheram ser professor ou professora. Por obra desta paixão, fazem-se compreensivos com os outros, e sofredores com eles, crentes que cada ser humano possui as mais ricas e únicas possibilidades de superar-se. Como na educação, também na política, só deveriam atuar aqueles que, acima de vaidades e interesses, sejam capazes de agregar-se na crença de que todo ser humano é capaz de superar-se em todos os seus contextos, singularidades e peculiaridades. Para isto serve a política e a educação: propiciar instrumentos às pessoas para sua liberdade e sua emancipação.
Daqueles que assumem posições de poder, espera-se que sejam abertos ao diálogo, mesmo que na dureza das críticas dos outros. Que se interessem pela coletividade, sem desfazer-se de suas motivações e convicções políticas. Que saibam avançar nas proposições, mas também recuar quando se faz necessário. Que desenvolvam habilidades capazes de justificar as intenções que desejam concretizadas na coletividade.
“Quem luta, também educa”. Quem ama, também educa. Quem não se acovarda de sua consciência, ganha mais vida na dignidade, justamente por assumir-se como é. Quem educa segue acreditando que educação não é um fim, mas meio para estimular os mais loucos desejos do ser humano: a felicidade. E não aceita o discurso desvairado que nos acusa de “torturar” nossas amadas crianças.
Nei Alberto Pies, professor e
ativista em direitos humanos.

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