“O
medo tem alguma utilidade, a covardia, não”
(Mahatma
Gandhi)
As crianças produzem as
mais puras obras da sensibilidade humana e nos orgulham com seus
ingênuos e inocentes encantos. Crianças, adolescentes e jovens
facilmente percebem quando um professor ou professora lhes oferece
sabedoria, recheada de amor e dignidade. Sabem também reconhecer,
como reconhecem seus pais, que professores trabalham duro e não são
reconhecidos e nem estimulados a realizarem-se, com dignidade, no seu
ofício de ensinar. Deles, somente deles, os professores recebem
flores e presentes, em forma de agradecimento e reconhecimento por
tudo que fazem por eles.
A
sensibilidade é própria daqueles que estão de bem com a vida e se
envolvem numa catarse de movimentos que geram boas percepções de
vida, de ser humano e de beleza, daqueles que tem olhos para ver,
ouvidos para ouvir e boca para falar, serenamente. Por sua vez,
quando reina a insensibilidade, esta gera auto-suficiência,
arrogância e rancor, qualidades que não cativam e não agregam
ninguém.
Oferecemos, todos os
dias, o melhor do que somos, por amor às nossas crianças. Ofertamos
a elas luzes de esperança, forjadas na cotidiana luta de superação
pessoal e profissional. Se os adolescentes sonham em transformar o
mundo, mostramos a eles caminhos de saudável rebeldia, arrebatadora
de causas, sonhos e desejos que move a cada um e cada uma. Se jovens
e adultos acreditam no poder do conhecimento, os estimulamos a
fazerem suas buscas na vida pessoal e profissional, através de seus
estudos.
Sensibilidades afetivas,
sociais e políticas constituem um legado daqueles que escolheram ser
professor ou professora. Por obra desta paixão, fazem-se
compreensivos com os outros, e sofredores com eles, crentes que cada
ser humano possui as mais ricas e únicas possibilidades de
superar-se. Como na educação, também na política, só deveriam
atuar aqueles que, acima de vaidades e interesses, sejam capazes de
agregar-se na crença de que todo ser humano é capaz de superar-se
em todos os seus contextos, singularidades e peculiaridades. Para
isto serve a política e a educação: propiciar instrumentos às
pessoas para sua liberdade e sua emancipação.
Daqueles que assumem
posições de poder, espera-se que sejam abertos ao diálogo, mesmo
que na dureza das críticas dos outros. Que se interessem pela
coletividade, sem desfazer-se de suas motivações e convicções
políticas. Que saibam avançar nas proposições, mas também recuar
quando se faz necessário. Que desenvolvam habilidades capazes de
justificar as intenções que desejam concretizadas na coletividade.
“Quem luta, também
educa”. Quem ama, também educa. Quem não se acovarda de sua
consciência, ganha mais vida na dignidade, justamente por assumir-se
como é. Quem educa segue acreditando que educação não é um fim,
mas meio para estimular os mais loucos desejos do ser humano: a
felicidade. E não aceita o discurso desvairado que nos acusa de
“torturar” nossas amadas crianças.
Nei Alberto Pies,
professor e
ativista em direitos
humanos.
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