quinta-feira, 22 de novembro de 2012

REFLEXÃO SOBRE O DIA DA “CONSCIÊNCIA NEGRA”.


Ana Belfort*

Dia da “CONSCIÊNCIA NEGRA”, da “Raça Negra”. Raça? Mas que raça? Afinal, temos somente uma raça. A raça de Seres Humanos. E... até onde vai minha concepção, todos nós, negros, pardos, claros, mulatos, índios, nativos..., pertencemos ou descendemos dessa mesma raça, a de seres humanos. Ou não?

Parabéns a todos os seres humanos que detém a cor de canela, aos negros, pretos, mulatos e a nós os pardos, mas que temos o sangue negro porque descendemos dessa gente negra honrada e corajosa. Seres humanos esses que um dia foram feitos escravos, não porque eram fracos, mas porque eram de fato “seres humanos”. Ao contrário dos “desumanos” brancos armados até os dentes ou abarrotados de dinheiro e poder, que a meu ver, são de fato os bárbaros, embrutecidos pela ganância, poder e ambição.
O dia da consciência negra, não paga e nem “apaga” o estigma destinado a tais pessoas. Coloco-me, radicalmente, contra a política de cotas, porque penso só aumenta a visão preconceituosa que presenciamos no dia a dia. Porque cotas? Somos potencialmente idênticos uns aos outros em inteligência e racionalidade? O que nos “diferencia” não é senão a coragem, a determinação e a persistência com que avançamos em busca de nossos projetos e sonhos?

Porque não citar a visão Kantiana [Imanuel Kant filósofo alemão do século XVIII] que diz: o que fundamenta o direito natural do homem, em qualquer de suas representações: homo sapiens ou mesmo homo demens, homo faber ou homo ludens, homo socialis, politicus; tecnologicus; mediaticus,vale dizer que todo direito, natural ou positivo e, feito pelo homem e para o homem, é que constitui o valor mais alto de toda a dimensão humana.

Grande exemplo disso é o admirável Joaquim Barbosa, Ministro do Supremo Tribunal Federal, que calou a boca de muitos brancos ilustres, e que com coragem e competência, colocou uma corja de bandidos de colarinho-branco na cadeia. Nós sabemos que para resolver a exclusão e o racismo não existe uma estratégia somente, talvez a luta e o grito sejam necessários em algumas situações extremas. A grande mudança talvez seja “perceber” a situação e descobrir qual vai ser a estratégia adequada, e não achar que existe apenas uma estratégia, a da luta e do grito. Fica ai a reflexão... Uma pequena reflexão a todos os leitores do Dia D...reflexões filosóficas.


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Professora de Filosofia
Especialista em Ética e doutoranda de Estudos Clássicos Filosóficos
ana-belfort@hotmail.com – Manaus/AM.

2 comentários:

  1. Na minha modesta visão de professor de história vejo uma professora de filosofia bastante equivocada, quando ao tal exemplo do "admiralvel Joaquim Barbosa ", um negro que já se sente um branco ao chegar a onde chegou e que pouco a pouco foi esquecendo sua origem. Um negro que teve a força de alguns daqueles que hoje ele condenou, baseado em teorias europeias e, claro,teorias de si mesmo para chegar a condena sem provas pessoas que até então dedicaram e dedicam sua vida pela democracia,por um país mais justo para todos os brasileiros. Fico triste em ler trexos de especialistas que para mim não passam de seguidores de midias.

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  2. Bela reflexão sobre o "Dia da Consciência Negra" e corroboro contigo, quando cita sobre a questão das cotas. Simplesmente esdrúxulo essa posição de nossos políticos que buscam "tapar o sol com a peneira". Isso é que eu chamo de exclusão social. Avançamos????? Sim, mas ainda há muito o que fazer para minimizar a barbarie que ainda assola em nossa sociedade.

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