Nei Alberto Pies
“Meu ideal político
é a democracia, para que todo homem
seja respeitado
como indivíduo e nenhum venerado” (Albert Einstein)
Viveremos, nos próximos meses,
momentos singulares para revisar a nossa cidadania a partir do lugar onde
moramos: as nossas cidades. A coincidência dos outonos com os períodos
pré-eleitorais potencializa as nossas ações cidadãs e nos convida a estarmos
espertos neste período de anúncios e prenúncios. Os outonos forram o nosso chão
de folhas deixando as árvores dormentes. Os outonos anunciam a chegada do frio
que nos deixa menos mobilizados e atuantes fisicamente, mas não acomodam nossas
consciências. Pelo contrário, este é um período em que nossas consciências
devem estar despertadas para compreendermos as manhas e as artimanhas da nossa
política.
Prestemos atenção aos rituais, aos
comportamentos, aos discursos, às estratégias dos candidatos. Revisemos a sua
vida pessoal e comunitária para perceber se guardam coerência e consistência em
seus propósitos. Vivamos este tempo como um tempo de graça para aperfeiçoarmos
a nossa cidadania e nosso poder de decidir os rumos que desejamos para as
nossas cidades.
A disputa eleitoral que se aproxima
é antecipadamente marcada por disputas, promessas, jogos e seduções de muitos e
difusos interesses, jogados nos bastidores. Estes interesses são calorosamente
alinhavados para que possam traduzir-se em propostas concretas para melhorar a
qualidade de vida em nossas cidades. A aparente acomodação do outono contrasta
com os intensos movimentos que geram os debates, as reuniões, os acordos que
geralmente se operam na “calada das noites”. Ao fim e a cabo, anunciam-se os
protagonistas que representam este ou aquele projeto político: os candidatos a
prefeito, vice-prefeito e a suas nominatas de candidatos a vereadores.
Embora seja sagrado o nosso
direito de votar, as eleições não esgotam a democracia, mas são um momento mais
intenso de debate dos rumos de nossa cidadania. A verdadeira democracia se concretiza
a partir do protagonismo cidadão e da participação da sociedade na proposição,
encaminhamento e cobrança de políticas públicas. Por isso mesmo democracia é
uma forma de convivência que exige que superemos a “alienação dos sujeitos”. As
pessoas envolvidas e interessadas nas políticas devem participar das decisões,
em diferentes níveis e situações. A separação entre aqueles que decidem e
executam e os beneficiários, além de possibilitar manobras, gera desinteresse
por conviver em grupo e em sociedade.
As contradições da democracia não
param por aí e exigem ainda que incluamos a todos, em sua condição de cidadãos
e sujeitos de direitos. A verdadeira democracia não tolera a existência de
excluídos. A fome, a miséria e a discriminação dos mais pobres, além de agredir
e negar a dignidade humana, “abortam” a cidadania. Em tempos eleitorais, estes
são os alvos mais fáceis de manipulação e enganação. Em tempos outros, quem
aborta a cidadania de muitos é a burocracia. Mas este já é tema para uma
reflexão.
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